quinta-feira, 19 de novembro de 2009

venha ver o verde-pus

espelho lacrimoso:
meu olhar perdido
nas curvas da rua imunda
onde te vejo
– na saliva dos meus olhos suados –
flaneladamente polidos e
despidos de distinções seguras.

prata preteada
a rua
que só roda
a tua volta
em teu entorno:
ela caminha em ti!
[e também te sufoca?]

eu toco o oco
das minhas pupilas
dilatadas, convencidas
que nos vemos ambos...vês o verde?
o pus lacrimoso
que me cega as retinas tortas
distorcidas?

não: tudo é cinza.
trouxeste a flanela?
ajuda-me a
polir o verde-pus?
porque seduz
o gosto:

teu desprezo áspero
meus dentes rasgam
tua língua
na rua
a cuspir os versos
que te compus.

1 pitacos:

Sucedeu assim disse...

forte,preciso e ao mesmo tempo subjetivo, gostei muito. Vi algo como uma cortina de fumaça úmida - como diria clarice -, "lambendo" o que caminha, como se tudo que estivesse em sua volta o tornasse míope e sufocado, não sendo mais ele quem controla o que vê, e sim o que está em volta ("ela caminha em ti")