tag:blogger.com,1999:blog-42221451785897974142024-03-19T01:06:39.209-03:00lusca-fuscasilencio desejos em versos tortos.Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.comBlogger122125tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-49862964361626197752015-11-11T20:58:00.002-02:002015-11-11T20:58:36.769-02:00Eu canto<br />
o amor<br />
Porque o AMOR<br />
me toma<br />
me enlaça<br />
me aquece<br />
E me doma.<br />
<br />
Eu canto<br />
o amor<br />
Porque o AMOR<br />
me torce<br />
me mostra<br />
retorna<br />
ao lance<br />
da vida<br />
que joguei à sorte.<br />
<br />
Eu canto<br />
o amor<br />
Porque o AMOR<br />
me morde<br />
me geme<br />
me roça<br />
me vive<br />
E me morre.<br />
<br />
Eu canto<br />
o amor<br />
Porque o AMOR<br />
somos nós:<br />
Carne<br />
que<br />
se<br />
encanta,<br />
Alma<br />
s u r p r e e n d e n t e m e n t e<br />
luz<br />
E fogo<br />
E<br />
água.<br />
<br />
Corpos que<br />
se querem<br />
sós.<br />
<br />
Gozo que<br />
retorna<br />
à alma,<br />
Sorte que<br />
r e s s u r g e:<br />
Vida.Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-17722326721220104402015-11-05T14:22:00.000-02:002015-11-05T14:41:05.028-02:00retornoSerei eu?<br />
eu que vos falo<br />
eu que intento<br />
saber<br />
quem quero ser...<br />
<br />
Uma parte<br />
tremeluzente vive,<br />
diáfana<br />
tristonha:<br />
sereia transeunte<br />
na terra,<br />
disfarçada de bailarina.<br />
<br />
Todo o resto<br />
fica<br />
dilacera<br />
esquece os fumos<br />
as famas<br />
os desejosos dias perdidos<br />
do não sei quando,<br />
sem-nem-porquês!<br />
<br />
Sinto que o mundo<br />
- que muitos julgam esquadros cheios de repetições<br />
equívocos, calúnias, fundo-sem-fundo, tragédia<br />
maldição, tristeza, rompante, tédio.... -<br />
Sinto o mundo oceano! O mundo mistério-mar<br />
O mundo a se navegar.<br />
O mundo onde se mergulha, não onde se cai.<br />
O mundo-ternura. O mundo-mãe.<br />
<br />
Serei eu?<br />
Será a vida<br />
a urgir-me,<br />
a sereia<br />
querendo-me<br />
habitar?<br />
<br />
Oceano<br />
é ser livre...<br />
deixar-se ir aonde<br />
a natureza<br />
mandar, sem medo<br />
não nadar<br />
fundir-se<br />
a mãe-mar.Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-76801898448971760432010-11-01T21:08:00.002-02:002010-11-01T21:11:20.286-02:00Dóris Regina Nogueira - IN PROCESS<div style="text-align: justify;"><i>Ia passar o final de semana fora de casa. Bom, já era uma evolução e tanto, uma grande experiência, um teste. </i><i>Botei no cd player um álbum de salsa, "Lo Mejor de la Salsa", segundo dizia o encarte. Como sempre fazia antes de sair, metodicamente, separei primeiro a roupa com que iria, depois todos os itens de que ia precisar.</i><br />
<i><br />
</i></div><div style="text-align: justify;"><i>(A diferença é que, dessa vez, a tarefa, mais rápida, exigia somente a metade de mim.)</i><br />
<i><br />
</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Poucas, pouquíssimas coisas. Interessante, que aprendi, quem sabe, a sair mais desprendida, aprendi a selecionar com mais afinco o que realmente queria levar comigo. E tudo o que deixo, ainda que não mais que momentaneamente? Deixo-o, deixando-o, no entanto, cuidado.</i><br />
<i><br />
</i></div><div style="text-align: justify;"><i>(Quantas coisas de ti. Não te nego, Cássio.)</i><br />
<i><br />
</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Salsa. Ao som alto, respirei, estiquei a cama, estendi a roupa que bailava salsaritmicamente na máquina, lavei a louça, varri o piso. Senti um poder interessante, um instante de tudo o que nunca fui. Diferente e especial: a saída e tudo que se leva com ela é o de menos - na chegada reside a mágica da vida. </i><br />
<i><br />
</i></div><div style="text-align: justify;"><i>(Também chamaria de volta, não fosse a diferença de a volta ser ainda um pouco mais interessante. No não-inesperado moram os enganos.)</i><br />
<i><br />
</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Na verdade, saía e voltava com o que tenho de mais importante.Sempre estive comigo mesma. Terminei o serviço que me impus sentindo-me como dona do meu próprio ninho, contrariando qualquer princípio feministicamente falando. Um antifeminismo me tomou, poderosa como um batuqueiro se sente.</i><br />
<i><br />
</i></div><div style="text-align: justify;"><i>(O Cássio me provou que todo batuqueiro é poderoso. Mais ainda os de batuques feitos na praia, de pele negra como os deuses africanos de reinos tão distantes que já cansamos de tentar saber sua verdadeira história. Ouvindo-a, dormia em seu peito cru, lugar para onde, nem sempre sabendo o valor disso, tantas vezes me acostumei a voltar.)</i><br />
<i><br />
</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Preparado o ninho, estrategicamente pensado em relação ao bem que seria para ele voltar (o único lugar que, mesmo sem saber, sempre tive de verdade), fechei a porta, varrida pelo vento dos finados, voltei à praia.</i></div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-29471796989083797012010-10-13T18:45:00.000-03:002010-10-13T18:45:35.012-03:00TATO<div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">Deitado<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">sob teu peso<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">chora todo<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">o meu corpo<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">num pranto<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">escorrido<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">em suor<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">gozo e<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">sentimento.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">Tua pele respira<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">expele<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">o que há por<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">dentro...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">colada ao teu<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">corpo, falsa,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">finjo que descanso,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">atenta aos sinais<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">que revelem<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">aquilo que escondes.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">Ergo o pescoço<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">buscando tua boca.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">Toco os lábios<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">que me nasceram<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">na lembrança<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">antes<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">de existirem em mim,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">lábios torneados<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">por tua barba dura<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">que machuca<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">esta boca<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">desejosa de ser só tua.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">Entrego-me <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">de novo,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">surge<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">em minhas mãos<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">teu membro<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">ereto<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">faminto, sangrento.<o:p></o:p></span></div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-29122321977294589102010-09-30T18:49:00.002-03:002010-09-30T18:49:26.836-03:00AUDIÇÃO<div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">Foi preciso<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">ouvir tua voz.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">Descobri-a rouca<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">afoita, talvez<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">ansiando contar-me<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">qualquer coisa,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">querendo<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">as atenções<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">já tuas.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">Foi preciso bem pouco.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">Silenciamos<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">as vozes<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">brotadas<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">de nossas gargantas<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">frente a frente<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">na rua<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">ainda na mesa de um bar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">Boca a boca,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">ouvi tua respiração<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">teu suspiro agudo<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">mudo<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">e as batidas do teu<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">coração<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">quase a machucar-me<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">o corpo estendido<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">na cama,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">que gemia,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">inocente,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">sofrendo<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">a pressão de dois<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">corpos surdos<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">ausentes<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13.0pt;">amantes.<o:p></o:p></span></div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-25680045590519486642010-09-23T16:58:00.006-03:002010-09-23T21:21:14.569-03:00VISÃO<div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">Não buscava nada<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">tão longe estavam<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">meus tristes olhos<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">já sem comoção<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">sem morada cada<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">parte<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">cada poro<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">percorrido<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">do meu corpo<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">sozinho, vazio<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">sem dono<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">um nó.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">Te vi.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">Chegou-me pelos olhos<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">toda a fome<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">vidrada de ti.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">Foi um instante<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">vago<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">um suspiro esparso<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">num vácuo que não senti:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">um vazio branco <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">uma lágrima <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">cortada<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">que, inconstante,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">gotejava em mim.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">Eternidades de ti<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">duraram em mim.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">Desde então<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">te tive todo,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">uma imagem<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">lembrança, talvez...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">uma imagem<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">gravada nas retinas<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">tortas</span><br />
<span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Garamond; font-size: 17px;">que resistem em mim.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Garamond; font-size: 17px;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Garamond; font-size: 17px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Garamond; font-size: 17px;">Habitaste o que</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Garamond; font-size: large;"><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">essencialmente<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">sou:</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: 17px;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: 17px;">o olhar que</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">seguro<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Garamond; font-size: 13pt;">me leva por onde vou.<o:p></o:p></span></div></span></div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-949663723548083232010-07-28T00:50:00.026-03:002010-07-29T00:50:35.485-03:00DIÁRIO DE CÁSSIO SOUZA ANTUNES<div style="text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-large;"><b>1</b></span></div><br />
</div><div style="text-align: justify;">Cheguei em casa. Tinha perdido a noite. Paciência, ao menos não tava bêbado. Tirei a roupa, depois dormi o dia inteiro. Acordei, desci até o boteco: dois pastéis de calabreza (sim, e sem quem me enchesse o saco por isso). Bastava reestabelecer os níveis de gordura no meu organismo, mais um latão de cerveja... Depois aquela tevezinha. E me assaltou de repente a lembrança desagradável da madrugada, que eu julgava superada. Filha da puta! Não tinha nada a ver ficar conversando com aquela maluca... em vez de estar longe, já em outro lugar comigo (e sem o maldito vestido desbotado dos botões carcomidos), despenteada e desabotoada, falava em incensos indianos, almofadas de seda! Em que mundo essa louca vive? Deu até vergonha, baixei minha cabeça, e a gordura pingou no pratinho de inox. Em que mundo <i>eu</i> vivo?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Oi?</div><div style="text-align: justify;"><i>(Sim, um ser prostrou-se diante da minha mesa no instante exato e tosco em que procurei me concentrar na gordura do prato, ainda sem saber apreciar devidamente a solenidade de certos momentos, como ingerir quantidades absurdas de gordura, desenhar com o dedo no óleo, sem ter quem me incomodasse.)</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Era só o que me faltava...</div><div style="text-align: justify;">- Meus pensamentos agora chamam almas...</div><div style="text-align: justify;">- Cadê aquele teu vestido horroroso, jogou no dilúvio?</div><div style="text-align: justify;"><i>(Essas coisas todas pensei em uns dois segundos, enquanto mastigava o ar na boca.)</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Hey! <i>(que cínico eu fui!)</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Não sabia que tu morava por aqui...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>(- E eu não sabia que com esse decote aí a pessoa já muda...)</i></div><div style="text-align: justify;">- Pois então, moro aqui em cima. E tu?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Moro na rua de trás, tava passando e te vi aqui. Desculpa, é Cássio, né?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Uhum. Desculpa, eu não me lembro...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Dóris <i>(sorrindo)</i>. O que servem aqui?</div><div style="text-align: justify;"><br />
<br />
<div style="text-align: center;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-large;">2</span></b></div><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Depende. O que tu quer comer?</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><i>(A Dóris, deu pra perceber, era bem atinada até. Ligeira, objetiva, mas também de uma capacidade incrível pra enrolar, dizer sem dizer as coisas...)</i></div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Ah, desculpa, nem te convidei... senta. </div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><i>(E ela olhava em volta com uma cara... Bom, por mais que ela parecesse diferente da noite anterior, a começar pela aparência, bem mais apresentável, eu já não tava preocupado.)</i></div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- É que eu não como gordura... Será que servem alguma coisa mais natural? Mas deixa, eu não tô com fome, fico até tu terminar.</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><i>(Audaciosa também, sem nem saber se eu queria que ela ficasse. Eu também já não sabia mais se não queria, tava bonito de ver seu esmalte, em tão pouco tempo, já roído. E ela ainda tinha olheiras. Será que não dormiu? Não sei por quê, esse tal ar decadente me despertava alguma coisa.)</i></div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- No que tu tá pensando? </div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Se tu ao menos quer um gole da minha cerveja, se não vai comer...</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><i>(E ela já segurava meu copo com as duas mãos. Engoliu o líquido com um prazer vagaroso.... )</i></div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Hahahahahahahahahahaha. <i>(... e como uma cigana ela riu alto.)</i></div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><i>(Eu só podia estar dormindo ainda. Comecei a me sentir mal, fisicamente mal com a presença daquela mulher. Que domínio se abateu sobre mim? Eu não queria nada. Juro que desci pra comer e voltar, não fiz a barba, não pus perfume, não troquei a bermuda surrada de andar em casa, nem sequer tinha tomado banho ainda depois da ressaca moral.)</i></div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Que foi? Te assustei? Desculpa, sou rápida às vezes. <i>(Com ternura na voz, de verdade. Que merda.)</i></div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Acho que não tô me sentindo bem.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><div style="text-align: center;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-large;">3</span></b></div></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
<div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Acordei e fiquei apavorado quando vi a Dóris sentada numa cadeira, do lado da minha cama.</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Fiz um chá pra ti.</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Odeio chá. Hmm, desculpa, brigado.</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Posso tomar?</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Uhum.</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><i>(E minha curiosidade cedeu à beleza do momento. A xícara que segurava aquelas mãos! Ficaria em silêncio, mas ela queria falar.)</i></div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Tu passou mal mais cedo ali no bar. Disse que não tava bem e caiu.</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><i>(Que bichona.)</i></div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Daí eu te trouxe.</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><i>(Até pensei em perguntar como ela sabia onde eu morava, mas pra quê? Essa mulher já sabia de tudo. Se já não sabia, adivinhou.)</i></div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Bah, valeu mesmo. Se tu quiser, pode ir... Desculpa aí, isso nunca que aconteceu antes. Que bichona!</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Imagina, tava ótimo ficar aqui, já deu pra ver um monte de coisas tuas.</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><i>(Gelei. Essa louca agora vai me matar? Será que ela.... ai, ela me envenenou, deve ter planejado tudo... já sabia onde eu morava!)</i></div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Tô brincando, tá? Nem teria dado tempo, tu dormiu só meia hora.</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Capaz! Claro que tu tava brincando.... Acho que preciso de um banho. Que horas são, hein?</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- São nove e meia. Então vai tomar teu banho, daí me despeço e vou. </div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Tá.</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Posso ligar o rádio?</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">- Claro.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="text-align: auto;"><div style="text-align: center;"><i>Todo lo que vi está demás</i></div><div style="text-align: center;"><i>Las luces siempre encienden en el alma</i></div><div style="text-align: center;"><i>Y cuando me pierdo en la ciudad</i></div><div style="text-align: center;"><i>Vos ya sabes comprender</i></div><div style="text-align: center;"><i>Que es solo un rato no más</i></div><div style="text-align: center;"><i>Tendría que llorar</i></div><div style="text-align: center;"><i>O salir a matar</i></div></div><br />
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #956839; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: 13px;"><i><br />
</i></span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #956839; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: 13px;">- Ahhh, Cássio! Tu gosta de Fito?</span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #956839; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: 13px;"><br />
</span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #956839; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: 13px;">- Quêêê?! .......... Não tô te ouvindo....</span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #956839; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: 13px;"><br />
</span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #956839; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: 13px;"><i>(A Dóris entrou banheiro a dentro.)</i></span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #956839; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: 13px;"><br />
</span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #956839; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: 13px;">- Tu gosta de Fito?</span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #956839; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: 13px;"><br />
</span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #956839; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: 13px;">- Aham.</span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #956839; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><br />
</span></span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #956839; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><i>(Eu teria dito que gosto do Cauby naquela hora! Mas era verdade, eu adorava.)</i></span></span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #956839; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><br />
</span></span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #956839; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;">- Vou deixar aberto aqui então pra tu ouvir. Adoro essa música!</span></span></div><i></i><br />
<i></i><br />
<i></i><br />
<div><br />
</div><div style="text-align: auto;"><div style="text-align: center;"><i>Te vi te vi te vi</i></div><div style="text-align: center;"><i>Yo no buscaba a nadie y te vi</i></div><br />
<div style="text-align: center;"><i>Te vi fumabas unos chinos en madrid</i></div><div style="text-align: center;"><i>Hay cosas que te ayudan a vivir</i></div><div style="text-align: center;"><i>No hacias otra cosa que escribir</i></div><div style="text-align: center;"><i>Yo simplemente te vi</i></div><div style="text-align: center;"><i><br />
</i></div><div style="text-align: center;"><i>Me fui</i></div><div style="text-align: center;"><i>Me voy de ves en cuando</i></div><div style="text-align: center;"><i>A algun lugar</i></div><div style="text-align: center;"><i>Ya se no te hace gracia este país</i></div><div style="text-align: center;"><i>Tenias un vestido y un amor</i></div><div style="text-align: center;"><i>Yo simplemente te vi</i></div></div><br />
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"></div><div style="text-align: center;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #956839; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><i><br />
</i></span></span></div></div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><div style="text-align: center;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-large;">4</span></b></div><br />
</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Tomei o tal do banho feliz da vida. Na sequência, ia rolar um sexo, já tava mais do que certo.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">(Eu ainda não tinha pegado a manha. Era ela que decidia.)</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Quando saí do banho, sorridente, de toalha (e imaginando-a nua, me esperando na cama), ela estava de pé, com a bolsa, pronta a fazer o que tinha dito: se despedir e ir embora. Me saudou com um beijo no rosto e se foi.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">E foi pior do que na noite anterior. Vagabunda.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Eu não disse nada. Fiquei uns cinco minutos parado, me lamentando por não ter sequer perguntado direito onde ela mora (se é que era verdade o papo de morar na rua de trás), por não ter pego um contato.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Sim, o palhaço ainda queria ver a filha da puta.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div></div><div style="text-align: justify;"></div></div></div></div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-85071716157107734282010-07-26T21:53:00.000-03:002010-07-26T21:53:31.838-03:006 a.m.<div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">acordei </div><div style="text-align: center;">mais </div><div style="text-align: center;">cedo</div><div style="text-align: center;">pra ficar</div><div style="text-align: center;">remoendo:</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">poderia meu </div><div style="text-align: center;">pé esquerdo </div><div style="text-align: right;">esbarrar num outro </div><div style="text-align: left;">pé que não fosse </div><div style="text-align: center;">um pé direito?</div><div style="text-align: center;"><br />
</div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-45432644445599427542010-06-30T01:07:00.001-03:002010-06-30T01:08:58.532-03:00DIÁRIO DE CÁSSIO SOUZA ANTUNES<div style="text-align: justify;"><i>{fragmentos}</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Conheci aquela doida, aquela que nem deve desconfiar de que, sim, eu escrevo um diário. Não teria por que me envergonhar disso, esconder dela algo que (tenho quase certeza) também faz. Mas escondo porque são coisas íntimas, porque ela me pediria pra ler, vasculharia as minhas coisas até encontrá-lo caso eu admitisse que escrevo... E, pensando bem, não sei o que mais me incomodaria nisso tudo: se ela se descobrisse nesse embrenhado de sensações, sentimentos (percebo que até agora só falei dela aqui) ou se é porque sei que ela adoraria ler as minhas intimidades só pelo prazer de se descobrir aqui, pulando certas partes menos interessantes. Seria uma oportunidade e tanto de ela saber o que eu sinto por ela - como se não bastasse ela me perguntar isso a todo momento...</div><div style="text-align: justify;">{...}</div><div style="text-align: justify;">Conheci aquela com quem moraria, aquela a quem desde o primeiro momento eu chamaria de doida - muito mais pelas esquisitices do que por qualquer outra coisa. Era aniversário de uma simples conhecida, em cujo apartamento fomos parar meio que por coincidência, já que ambos foram a convite de outros amigos da aniversariante. Ela não era bonita, seus cabelos não possuíam sequer brilho, trajava um vestido anacrônico, desbotado, do qual faltava um último botão (sem falar que o resto dos botões - era um vestido todo abotoado na frente - aparentavam estar meio descascados). Havia, porém, um leve resquício de vaidade naquela mulher: suas unhas brilhavam ao esmalte recém colocado, escarlate. Alguma coisa me doeu por dentro. Ela não me sorriu, ainda que tenhamos conversado. Apenas fumava seu cigarro à janela, bebia goles curtos de Martini quando lhe ofereciam (depois é que vim a descobrir que detesta, mas era o que tinha), e não sei se senti pena, de onde brotou um enorme desejo de deitá-la em meus braços e roçar nela vagarosamente meu membro já enrijecido dentro das calças, ou se foi o contrário. Ela também não conhecia ninguém ali, e ao contrário de mim, todos lhe davam atenção. Ela estava à vontade e tive a nítida impressão de que continuaria assim se soubesse o que se passava comigo enquanto falávamos. Fui sentindo raiva daquele vestido que devia estar encobrindo seus seios soltos e sua calcinha cor-de-vinho, quase combinando com o esmalte; senti raiva por ela poder estar com um jeans, qualquer roupa normal que não fizesse saltar aos olhos tanta estranheza.</div><div style="text-align: justify;">{...}</div><div style="text-align: justify;">Depois de ter acordado, ainda no apartamento onde tudo acontecia, olhei em volta pra ver se ainda seria possível encontrá-la... Quem sabe tentar me aproximar mais, chegar junto (eu não sabia o que estava querendo, tudo parecia muito mais um impulso que me empurrava ao desconhecido do que um desejo real por uma mulher que não tinha atributos suficientes que despertassem tanto tesão), deixar meu telefone com pretexto de fornecer a ela o endereço onde conseguiria as melhores marcas de chás importados a preços acessíveis (o detalhe é que eu não tinha a menor ideia da existência desse lugar, apenas ouvi de longe que ela era uma apreciadora de tão sem graça bebida)... Enquanto pensava nisso tudo, precisava mijar, lavar o rosto, recuperar as cores. Eis que, ao passar pela sala, aninhada estava ela no sofá, nos braços de outra menina. Lésbica filha da puta. Nem cheguei até o banheiro: saí enquanto ainda era noite escura, enquanto ainda dava tempo de esconder meu rosto, cobrir as nádegas e mijar à luz da lua.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-29115790756979397912010-06-28T18:00:00.000-03:002010-06-28T18:00:18.201-03:00Compilei o diário da Dóris. Até que.... gostei!<br />
(Mas ele ainda deve continuar, até quando conseguirmos manter a sintonia. Não, ao contrário do que se poderia pensar, a Dóris não sou eu. E ainda bem.)Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-24946819533019099272010-06-25T01:29:00.002-03:002010-06-25T01:37:30.417-03:00DIÁRIO DE DÓRIS REGINA NOGUEIRA<div style="text-align: justify;">X</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">quem resta sou eu: resisto ao passar dos anos, <i>sobrevivendo a mim mesma como um fósforo frio... </i>como uma sacola plástica que insiste em rolar pelas ruas durante as madrugadas escuras, perturbando os sonos sensíveis daqueles que temem as almas surgidas das cinzas... os cadáveres que surgem dos seus sonhos infames, sedentos por um último pulsar de vida que os anime, nem que seja por um lapso: eles não têm nada a perder. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">sim, faz frio aqui na minha casa - a casa aquela das paredes nuas -, mesmo fechadas as janelas de vitrais coloridos, de onde escolho, escondida, espiar meu mundo de agora. mas coloquei, de fora, frente ao sol, margaridas brancas de miolos fortes, moles, amarelo-velho: a cor do meu maior mistério, da covardia mais madura que nasceu em mim. não quero que sejam como eu, pétalas plásticas, miolos mofados, metades esturricadas dos adeuses tantas vezes dados.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">o que faço agora? nada de mais, copio letras de músicas cretinas pra treinar caligrafia ou escrevo dóris dóris dóris dóris dóris dóris dezenove vezes no papel, que já acabou, já não me serve mais (pra que tanto acúmulo, meu deus? postais, retratos, cartas, cadernos, sentimentos, cartões, caixas de bom-bons... ao menos são recicláveis!), por isso escrevo agora na pele, porque me dei conta de que também posso ser matéria orgânica, pura, a cada poro aberto e sangrado pelas agulhas. andei regredindo, inclusive. andei escrevendo sobre a pintura das paredes: não queria mais vê-las nuas. pintei-as na espera, escolhi a cor mais púrpura que, coitada, sobrevive hoje desmaiada, quase crua.</div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-32043337577254346042010-06-08T17:56:00.003-03:002010-06-08T21:38:54.635-03:00DIÁRIO DE DÓRIS REGINA NOGUEIRA<div style="text-align: justify;">IX</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b><i></i></b>Paguei o preço da espera lenta, dando-te meu silêncio, minha única razão. Assisti ao teatro de humanos, tomei cuidado com as sombras que a lua projetava pelos muros, pelo chão. E tudo, na verdade, te devolvia na imagem caleidoscópica dos espelhos onde refletiam cigarros já queimados até o filtro, acenando a solidão que colhi. </div><div style="text-align: justify;">Amadureci. Deixei que os ratos comessem do açúcar o amargo da minha razão, e o doce restante se renovava, do nada, a passos largos: era chegada a hora de me despedir da vida antiga, preparar tudo ao meu redor, jogar fora um passado roto, encaixotar discos, diários, livros e lembranças dos dias contigo vividos. Precisava sobretudo me preparar pra ti. Quanto isso levaria? Quantos anos eu tinha então?</div><div style="text-align: justify;">Alcancei a plenitude antes até de tê-la vivido. Cartelas de cores de tinta pras paredes ainda nuas, sofá-cama, prendedores, box duplo, armários embutidos, adesivos coloridos, toalhas rendadas... O amor tem destas coisas: te enxergava em cada fio de eletricidade, em cada lâmpada apagada do castelo que desenhava pra nós.</div><div style="text-align: justify;">Senti, no durante, tamanha plenitude que não pude perceber o que já estava distante - eu-não-pensava-em-nada. Meus dedos roçavam os mesmos velhos objetos de antes, apenas distintamente dispostos... e cada toque servia pra devolver-me sensações sentidas: me fizeste lembrar que sou alma que é prendida num corpo. Corpo sensível à tua mera existência. Corpo que respira em sonho teu sono. Corpo cujo doce reservei-te. A cada caixa que abria, saíam retratos teus, molduras minhas feito corpo a te envolver.</div><div style="text-align: justify;">Esperava por ti e fui te buscar. Faltava-nos ainda um último retoque: pendurar na parede o relógio, ajustar seus ponteiros, porque nele</div><br />
<div style="text-align: center;"><i><b>o tempo, leve,</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b>leva embora</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b>relógios de cera</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b>já sem hora.</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b><br />
</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b>esboroada espera</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b>embora seja</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b>agora,</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b>senhora,</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b>a hora</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b>não demora:</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b><br />
</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b>a semana</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b>já sumiu</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b>resta apenas</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b>nós</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b>as nuvens</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b>e a aurora.</b></i></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><i><b>... </b></i></div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-87104204308345339642010-05-26T15:27:00.001-03:002010-05-26T15:27:54.467-03:00Naufragar é preciso.de luzes<br />
acesas<br />
sou quem?<br />
<br />
farol<br />
perdido<br />
em molhes<br />
brutos,<br />
pedras frias<br />
demais <br />
pr'aportar.<br />
<br />
navios<br />
desviam<br />
i n t e r m i t e n t e s<br />
feito a luz<br />
fraca, fugidia<br />
qu'insiste<br />
nas ondas <br />
naufragar.<br />
<br />
sou água dura,<br />
pés molhados, ataduras<br />
de desejos tortos...<br />
traçado reto<br />
i n c o m p l e t o<br />
onda incerta que<br />
na praia<br />
se fura,<br />
se quebra<br />
e se vai.Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-40312666211937371992010-05-21T01:53:00.006-03:002010-05-23T14:17:41.860-03:00DIÁRIO DE DÓRIS REGINA NOGUEIRA<div style="text-align: justify;">VII</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">(Se eu fosse uma barata, andaria confortavelmente na minha casa...)</div><div style="text-align: justify;">"Mas onde foi que os guardei???"... Infelicidade a minha ter perdido alguns dos meus escritos (ou teriam as baratas, em meio ao caos total, carregado-os?). Sento-me no azulejo frio, repenso: "Onde os guardaria, se eu fosse eu?". Não que haja qualquer coisa lá. Não que lá esteja contida a minha obra prima, ou que me julgue diferente de mim mesma ao não encontrar algo que guardei, ou abandonei em algum canto provável da casa.<br />
Não sei, algo se perde, como pertences importantes deixados por engano entre sacolas plásticas na lixeira do condomínio (ato recorrente, diga-se de passagem). Como cartas de amor de infância, perdidas na vergonha de haverem sido. Como comprovantes de pagamento, jogados fora pela descrença em sua necessidade futura. Logo eu, que não sou de deitar fora as coisas: mas as perco por distração de tê-las. Até minhas ideias, perco-as por havê-las parido em palavras.</div><div style="text-align: justify;">Fico em dúvida diante das opções de agora. Remoer outras coisas mais perdidas. Desviar meu pensamento em direção ao sorriso do porta-retrato. Acompanhar os pequeninos passos rápidos da barata recém saída do quarto...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;">~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ </div><br />
<div style="text-align: justify;">VIII</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sem que eu percebesse, meu corpo colava-se à parede, e as pálpebras do inseto piscavam-se em minha direção (seria uma miragem, ou algo comum aquele tipo de linguagem?); não sei mais no que pensava, se me deixava guiar por meio às frestas, se realmente desejava desobrir todo um mundo novo medido em milímetros. Eu também me movia a passos apressados, meu corpo todo pulsava e a sensação era a de que, se parasse, corria risco de morte.<br />
O tamanho das coisas oprimia-me, inclusive a barata, agora maior do que eu... e sua linguagem de guia (eu já a entendia) docemente me fitava e me dizia: "Por que te oprimimos, se o teu mundo agora se alargou?". Pensei em me pôr novamente no chão, perdendo a chance de passear pelo teto, por todas as superfices de concreto, de metal, de vidro... E se eu pudesse voar? Como arriscar? Amedrontei-me só de pensar em descobrir minha nova anatomia. Meus mais novos instintos impeliam-me a voar até o açúcar, ainda estilhaçado entre vidros no chão da cozinha. Lembrei que só devia morder morangos. Mas onde havia de encontrá-los?</div><div style="text-align: justify;">Deparei-me repentinamente com teu imenso rosto, olhos, nariz, sobrancelhas: instigou-me tua boca alargada.. Meus membros acariciaram-te por inteiro e, vagarosamente, senti que poderia parar: andei sobre os teus lábios suspensos. Se pudesse romper o vidro que ainda te separava de mim, entraria pelos teus olhos e, só lá dentro, voaria. Aconcheguei-me no teu ombro, adormeci. Foi então que encontrei o que buscava, no verso do retrato, no revés do teu rosto, algo que tínhamos anotado:</div><br />
<div style="text-align: center;"><b><i>o preço</i></b></div><div style="text-align: center;"><b><i>da espera</i></b></div><div style="text-align: center;"><b><i>parece</i></b></div><div style="text-align: center;"><b><i>ceder</i></b></div><div style="text-align: center;"><b><i>ao silêncio,</i></b></div><div style="text-align: center;"><b><i>à solidão:</i></b></div><div style="text-align: center;"><b><i>boa ao corpo.</i></b></div><div style="text-align: center;"><b><i>à alma,</i></b></div><div style="text-align: center;"><b><i>não.</i></b><br />
<br />
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ <b><i><br />
</i></b></div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-52549934969080212722010-05-02T16:04:00.003-03:002010-05-02T16:22:58.103-03:00DIÁRIO DE DÓRIS REGINA NOGUEIRAVI<br />
<br />
<div style="text-align: center;">.<i>.. El tiempo pasó<br />
fuimos ella y yo<br />
dos en la ciudad.<br />
Pasó, pasó<br />
pasó nuestro cuarto de hora<br />
pasó, pasó<br />
pero aún sabíamos reír... </i></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tocava a canção de Fito e era domingo. Deixei-me embalar, dancei dentro de casa, enquanto o dia desperdiçava sua luz, de manhã. Um copo de chá, ofertando a meu estômago regurgitante e a tanta luz que se sobrepunha às venezianas, às cortinas, às portas trancadas, às paredes espessas... tomei meus longos goles, depressa, até verificar seu fim.</div><div style="text-align: justify;">Sentei no chão, decidida, abriria aquele meu velho baú de vime, espalharia pelo chão tantos papéis, cartas, postais, embalagens que guardei. Ali, outrora fui jogando tudo, dízimos de lembranças de qualquer parte, de qualquer espécie. E achei que era a hora de separá-las, uma por uma. Iria separá-las em envelopes, catalogá-las. Não sei se disse a alguém, ou exatamente a quem falei, dessa minha mania de separação. É como se precisasse de tudo muito bem arrumado, e assim poderia compreender tudo, passado o primeiro impulso, aqueles momentos de intensidade que tornam as coisas nebulosas. Era enfim chegada a hora de deitar fora o que já não fazia mais sentido (e tudo que tava ali eram recortes paralelos de momentos, pequenos momentos em que fui feliz!).</div><div style="text-align: justify;">Não concluí a tarefa... sou covarde, não tive como pensar sobre o que eu não entendia, classificar sem critérios e parâmetros. Não os encontro em parte alguma, em pessoa alguma. E tudo faz e não faz sentido, tudo ainda se distorce, se evapora ao acender do meu cigarro. Sinto como se estivesse a decifrar meus sonhos, como aquele em que estava queimando em praça pública. Eu sorria para alguém enquanto as chamas me invadiam os seios, queimavam os meus cabelos, e eu refletia labaredas pelos olhos e dentes, para que a pessoa, atrás de um chafariz, me enxergasse. Meus dentes não se desfizeram, meus olhos sobreviveram marcados sobre a rocha que por séculos ficou ali parada, servindo de encosto para sacolas, de banco a quem quisesse descansar, ou a quem esperava um amor que se atrasa, ou, ainda ,espera a solução de um problema, a dissolução de uma dúvida atroz. Sobrevivi como uma mancha perolada na pedra.</div><div style="text-align: justify;">Sinto-me a decifrar minha vida como quem se esforça para lembrar de um sonho bom. Sinto-me amputada de razão, julgamento, sinto que perco algum detalhe importante, ou algo banal. Acho que tudo o que sou é memória e lembrança, e talvez esteja certo quem disse que <i>o essecial é invisível aos olhos</i>. Mas parece que sempre me escapa o essencial, mesmo com tantas relíquias que não me canso de mirar, carícias em minhas retinas (onde vou parar?!!!)... E veja só o que encontrei, aquele bilhete daquela despedida:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><i>Todo lo que vi está demás<br />
Las luces siempre encienden en el alma<br />
Y cuando me pierdo en la ciudad<br />
Vos ya sabes comprender<br />
Que es solo un rato no más<br />
Tendría que llorar<br />
O salir a matar<br />
Te vi te vi te vi<br />
Yo no buscaba a nadie y te vi<br />
Te vi fumabas unos chinos en madrid<br />
Hay cosas que te ayudan a vivir<br />
No hacias otra cosa que escribir<br />
Yo simplemente te vi<br />
Me fui<br />
Me voy de ves en cuando<br />
A algun lugar<br />
Ya se no te hace gracia este país<br />
Tenias un vestido y un amor<br />
Yo simplemente te vi</i></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Só pude fechar tudo. Era Fito, uma feliz coincidência<i>, </i>talvez. Levantei-me e segui com todo o meu corpo os embalos de uma sinfonia que só eu ouço, dançando sobre todas as lembranças espalhadas pelo chão do apartamento, entre fumaças e raios que escapavam dos buracos que já nem me preocupava em tapar.</div><div style="text-align: center;"></div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-54085752393884484062010-05-01T02:45:00.002-03:002010-05-01T02:48:13.390-03:00Distensão<meta content="text/html; charset=utf-8" http-equiv="Content-Type"></meta><meta content="Word.Document" name="ProgId"></meta><meta content="Microsoft Word 11" name="Generator"></meta><meta content="Microsoft Word 11" name="Originator"></meta><link href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CCarol%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C03%5Cclip_filelist.xml" rel="File-List"></link><style>
<!--
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-no-proof:yes;}
@page Section1
{size:595.3pt 841.9pt;
margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm;
mso-header-margin:35.4pt;
mso-footer-margin:35.4pt;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">Olha só quem está por aqui. Imagens, cordas que procuram dedos afinados que reconstruam aquelas atmosferas que repetidamente dividimos. Não importa se tu não te lembrares d’alguma parte, eu escrevo sem nenhum problema, quero aumentar, procuro intensificar os mais intensos versos que reparti contigo. Confesso que essa tarefa me soa pretensiosa – levando em conta que ao aumentar sentimentos, esses tendam parecer um tanto quanto exagerados – enquanto eu e tu sabemos que isso é dispensável. Talvez alguma magia me assombre ou me encante ao lembrar dos teus olhos ou do meu peito palpitante. Ou alguma sombra descubra aquele medo – te falei, sou covarde – cinza. Apenas cinza. Nem branco nem preto, nem luz nem breu, nem sonho nem realidade. Me fala...que cor tu vês ao lembrar do nosso verão? Sinto tudo torto. Sinto-nos na distorção da fumaça do meu cigarro, encaracolada, cinzazulada. Prosa inacabada, cinzeiro vazio, troncos e galhos e folhas secas daquele mesmo jardim de antes, onde esquecemos quaisquer partes nossas.... Onde, fria, sento e componho agora. </div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"><i>(Mas tu dedilhas uma coisa qualquer que ecoa em cada canto do meu corpo.)<o:p></o:p></i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">De meus dedos escorrem versos cinza – pouco numa melodia tão simples e bela e pura. Não me peças que relaxe: repercutem descompassademente corpos todos digitais, nós numa piscina de bolinhas multicoloridas, brincando sem culpas vazios escrúpulos... Não posso mais brincar sozinha. A vida me arranca tua companhia, e me faz querer-te mais. Cores não me satisfazem. Veja, pequena, minhas inteções não passam de utopias que se encostam no teu ombro. Tua respirada profunda nas minhas costas, sem cobertores, me provocam.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"><i>(Querer esconder-me em ti.)<o:p></o:p></i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"> Em cada poro cinza, em cada verso preto ou branco, e em <i>todos </i>os pelos que iriçam em ti quando te voltas pro meu rosto. As cordas ficaram opacas - sem som - e não posso mais rememorar. Onde gravaste teu rosto roxoesverdeado pra mim? Me olhavas por espelhos maiores que meus olhos pudessem refletir. Desculpa, preciso da tua mão. A melodia se contenta, se incorpa, e finalmente estabelece-nos plenas. Tornamo-nos observadoras das atmosferas que sem cor nos rasgam e nos mantêm o calor nas mãos.</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: right;">(em conjunto com <a href="http://sucedeuassim.blogspot.com/">sucedeuassim</a>) </div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-23164097818084804252010-04-25T21:24:00.005-03:002010-04-25T23:25:05.752-03:00DIÁRIO DE DÓRIS REGINA NOGUEIRAV<br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Estive pensando em juntar os cacos... Houve uma vez que quebrei um vaso de cristal, a peça mais linda que eu tinha em casa, que fora presente: caro, raro, original. Quebrei-o por raiva, capricho... eu girava sobre minha própria mente, <i>feito carrossel gigante colorido suntuoso, feito uma roda estúpida que gira e nunca promove adrenalina pra não causar grandes tremores. Mas enfeita. </i>E menti (a quem me fizera tamanha delicadeza) que tudo não passou de mero acidente, tropeço frio no tapete... Fui em busca de um novo enfeite. Antes, guardei os cacos, sabia que algum dia poderia querer ressuscitá-lo (será que sabia?).<br />
Quantas vezes tingi minha boca de vermelho! Fingia não ver o sangue dos cortes dos cacos em meus dedos, concentrando-me nos contornos escarlates desta minha boca que agora implora por teus beijos, refletidos no espelho, nos cristais cujo lugar já não sei mais qual. Quantas vezes estive eu à janela, mesmo fatigada, entregando-me feito rapariga anacrônica à tua espera... Enfeitei meus cabelos com dúzias e dúzias de flores (agora exalando os perfumes podres da morte), variei o penteado, vesti meus melhores trajes e sorri às sombras que de longe avistava! Meu carrossel suntuoso rodou, rodava... entre mil súplicas, trocava de cavalo, girava: não queria mais ser eu, escolhi ser várias. E fracassei no intento, <i>porque sigo e espero a chegada do nosso tempo</i>. Às vezes esperar é o que resta! (dizem que a pressa é inimiga da perfeição... Será? Qual o limite da resignação?) Muitos questionamentos nunca respondidos: e de novo só o tempo diz, devolve as respostas - beijos ou bofetadas - não importa! Acho que algo aprendi na estrada: beijei o vento (que nunca pediu nada em troca), senti o sol, que insistia em me acariciar a pele! Cada curva repentina um arrepio, cada rosa negra que lambi neste caminho trilhado da minha porta à janela um frenesi que me arroxeou os lábios... Os espinhos, acho que os triturei nas lâminas dos meus dentes e os cuspi, antes que me furassem as veias. A chegada, mera consequência.</div><div style="text-align: justify;">Até ontem, pensava "Meu tempo passou"... Tinha decidido pôr fora os cacos de um mundo em degradação. Pôr fogo nessa vida art nouveau... mas <i>as palavras correm pela seiva do tronco e se misturam com todas as outras que estiveram ali desde quando broto</i>. As palavras, as tuas e as minhas! Volto à origem, abro a gaveta velha: tiro dali a flor negra com que me enfeito os cabelos, pinto os lábios e as unhas, coro ao sabor do vinho! Abro todas as janelas e te sinto chegar (prometo brincar bastante contigo). Entra, a casa é toda tua... gira, gira comigo no mais belo carrossel de cavalos multicoloridos, ao som de um piano antigo. Valseemos, amor, eu te suplico! </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: right;">___</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: right;">(em itálico, várias passagens que copiei de textos: j. vizo, <a href="http://poevidda.blogspot.com/">karen</a> e <a href="http://umanovapoetica.blogspot.com/">camila</a>)</div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-63795438334789511532010-04-25T01:22:00.002-03:002010-04-25T01:32:56.285-03:00(tudo o que tenho)<div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">palavras...</div><div style="text-align: center;">sopros suaves,</div><div style="text-align: center;">minhas carícias em ti</div><div style="text-align: center;">perdidas num espaço vago</div><div style="text-align: center;">e lento e branco dos tempos.</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">palavras...</div><div style="text-align: center;">procuro-as doces, límpidas</div><div style="text-align: center;">mais puras: por elas preciso</div><div style="text-align: center;">sentir-te, nua.</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">tua boca, teu sorriso</div><div style="text-align: center;">em algum lugar se foi;</div><div style="text-align: center;">já nada sei, não mais vi</div><div style="text-align: center;">aquele brilho nos teus olhos...</div><div style="text-align: center;">o peso das tuas grossas lágrimas,</div><div style="text-align: center;">o último gosto vivo de ti (que ficou)!</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">vejo agora o buraco de uma folha de papel</div><div style="text-align: center;">(tudo o que tenho)</div><div style="text-align: center;">e logro preenchê-la plena de espaços</div><div style="text-align: center;">pingados de tinta,</div><div style="text-align: center;">densidade medida em pulsações sanguíneas</div><div style="text-align: center;">em que tu, no gozo </div><div style="text-align: center;">d'um fingimento insano, cega e digitalmente</div><div style="text-align: center;">lerás uma imensa</div><div style="text-align: center;">partitura que compus (e envio na carícia dos ventos):</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><b>lê, ela é só tua!...</b></div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-90419994139499603222010-04-21T16:17:00.000-03:002010-04-21T16:17:46.753-03:00DIÁRIO DE DÓRIS REGINA NOGUEIRA<div style="text-align: justify;">IV</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Pensando, mais uma vez e sempre, entro em contato com uma das minhas culpas, talvez a mais cretina, porque sei que não há razão, que existem as coisas da vida que simplesmente são...</div><div style="text-align: justify;">Chego em casa em tempos em que o clima já se esfria, os ventos gelam meus cabelos, meu nariz; cai a tardinha que corta o horizonte não menos belo, mas embaça minhas vistas através dos vidros amarelos da condução lotada. Penso em chegar, tomar meu chá, ler qualquer coisa que não sejam contratos, especificações de materiais, unidades de medida... Ah, se isso tudo servisse, mediria não só meu próprio corpo (pra percebê-lo em sua real dimensão, fazendo um molde pra vê-lo de fora de mim... talvez tivesse assim uma vaga ideia do que sou, do que veem em cada ângulo, em cada fio de cabelo fora do grampo... acho que poderia julgar-me com maior precisão: "posso emitir pedido de compra" "não posso comprar material de tão má qualidade" "as especificações não condizem com o produto"), colocaria tudo o que penso e sinto numa caixinha de papelão, pesaria tudo e despacharia na rodoviária. Seria um problema escolher um destino, não sei de onde essas coisas vêm, não sei mais com que matêm relação... Pensando bem, sortearia uma letra e escolheria a cidade que assim se iniciasse, acima de três sílabas, mais ao norte. Quem disse que ter critério sério é relevante?</div><div style="text-align: justify;">Chego em casa e não faço nada disso: prefiro vasculhar memórias (ou elas é que me preferem) , pensar se algo algum dia foi importante realmente, ou se foi só fabricação constante de uma mente preocupada em se entreter... difícil dizer. Meu tempo passou, já não sou mais aquelas muitas que já fui, já não sei o que querer ser, porque mais nada existe que me possa levar (como as músicas que contagiam multidões, que dançam, saltitam, se requebram em movimentos irracionais...). Já houve quem me levou: eu ainda era leve o bastante, tão leve que deixei com que o vento levasse, o tempo roesse o que houve e o que jamais haverá. Mas saiba: em algum momento distante sonhei, usei o verbo em tempos presentes, futuros e perfeitos. Prometi que voltaria. Não voltei... Sorvo um gole lento do meu chá, observo se um vaso quebrado, colado... Se não fosse eu a dona do vaso, perceberia nele alguma rachadura? Decidir colar um vaso, juntar cacos, procurar as peças tortas, consertá-las: tão mais fácil seria inventar novas promessas, mas ainda deve haver algo que me prenda a essa.</div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-35859113410126724112010-04-14T00:39:00.004-03:002010-04-14T01:09:57.443-03:00DIÁRIO DE DÓRIS REGINA NOGUEIRA<div style="text-align: justify;">III</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Do meu mundo é o açúcar que derramei hoje pelo chão. Eu chorava. Chorava sim, mas não por ter de limpá-lo (sou relapsa com as coisas ao redor, só que me afligi, decidi que era melhor juntar na hora), não porque isso ia me fazer perder o ônibus, me atrasar... não porque chovia muito lá fora. Também não porque o morro branco que se formou no chão, dunas bem branquinhas, misturou-se à umidade, formando uma pasta feito massa de pão doce. Chorava e não sabia por quê. Não era caso de emoção (ainda que seja impossível olhar pro açúcar, adoçar meu café todo dia, e não reler na sua alvura os versos do Gullar), não era época de choro. E eu também não vi motivos para segurá-lo: fui em frente, me permiti. Lembrei até o provérbio famoso aquele, adaptando-o à minha situação: pra que chorar sobre o açúcar derramado? Não sabia... saberei algum dia?</div><div style="text-align: justify;">Quando tive de sair, sequei as lágrimas e me maquiei. Rosto vermelho de frio, ressaca de existir nos olhos , alma nervosa de andar. Mais rápido, mais rápido... então passou meu ônibus, e nada restava que não fosse esperar passar o próximo, a passos curtos, acender um cigarro, passar na padaria e mandar embrulhar aquele sonho assado, doce... mas eu tava de dieta. Lembrei-me também do açúcar (meu deus, pra que me fizeste humana, se de mim nada de emoção emana sem que eu filtre tudo com o pensar?). Decidi apagar o cigarro já aceso, não tragar o doce do sonho e mastigar, lascivamente, o filtro branco que pairava entre meus dentes. Havia qualquer coisa acesa, no entanto, qualquer brasa em chama em mim... no fundo, o que me queimava era a culpa. Pensava na minha distração (se não fosse não ter olhado pra fora da janela no instante exato, não teria deixado cair o açucareiro, não teria visto partir o vidro em cacos que me refletiam do chão: foi uma visão profunda de branco, desespero e solidão), pensava no que dizer do atraso, mesmo que ninguém fosse dar pelo caso (afinal, aquele vidro partido no chão era eu - transparente, aparente só quando quebra e se desfaz). Eu precisava - sem ainda ter tido tempo de encontrar - de uma desculpa pra tanta culpa de existir, de pensar... </div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-45248385383527574692010-04-10T15:23:00.002-03:002010-04-11T15:52:23.958-03:00DIÁRIO DE DÓRIS REGINA NOGUEIRA<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b>I</b></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Hoje acordei antes do habitual... Os grilos, os pássaros, todos os animais noturnos - até os gatunos humanos, transeuntes, carnavalescos pelos becos arredores - o mundo era pólvora prestes a estourar. E era noite ainda, ela insistia em deitar seu negrume no dia que nada prometia; e eu fiquei em sua companhia fria. Enrolei-me na manta de pelúcia e fui aquecer meu café preto, perto de tudo que tão bem já conhecia. - Seria outro dia? (Dei a primeira mordida na bolacha de gergelim, dissolvi-a, já na boca, às sorvadas de café pelando: queimei a língua) - Acho que não deveria pensar nessas coisas... - Despertei mais cedo, talvez tenha tempo de dar um jeito nos cabelos-aparar os pentelhos-cortar as unhas dos pés-fazer a lista do mercado-listar um por um meus pecados-escovar o banheiro-vestir minha melhor roupa-molhar as plantinhas, tirá-las da rua-me jogar da sacada úmida-voltar a dormir-cair no mundo sem fundo, crua.</div><br />
<b>II</b><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">Cheguei tarde. Tomei banho... vi um mundo abandonado em volta de mim. </div><div style="text-align: justify;">Tenho vinte e oito anos e uma cabeça toda branca, branca de verdade mesmo, de cabelos que vão nascendo e crescendo selvagens sem que eu queira. Já não moro numa casa com varanda, pátio, não moro porque não sirvo pra dar jeito nessas coisas que simplesmente vão acontecendo, vão deteriorando, sujando, desbotando: tudo vai ficando muito muito feio. Tenho vinte e oito anos e o limo vai subindo pelos azulejos do meu banheiro, o pó toma conta das estantes, e eu? Eu não tenho ânimo, durmo. E durmo pra acordar e depois domir de novo. Por isso, tomo banho e deito. Não. Tomo banho, separo a roupa do dia seguinte, passo a roupa do dia seguinte, passo o café do dia seguinte, listo todas as coisas do dia seguinte. E deito, porque nada disso, na verdade, é do meu mundo.</div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-49959954865566917692010-04-03T17:05:00.001-03:002010-04-03T17:08:21.595-03:00<div style="text-align: justify;"><i>é abril, meu bem, é chegado o abril... onde andas? ao menos percebes os ventos já vindos? invasores, adentram janelas, derrubam estatuetas de gesso, desfolham livros, levam coisas, mas trazem na volta os idos de qualquer outrora. e não me importo que me levem as coisas, ou que tragam o que quiserem: tudo passa e perpassa, o vento vem e leva o que quer, já nem seguro sequer o que seria meu, sequer o que com ele vem: economizo forças sabe-se lá pro quê! o vento... ele tá aqui agora, passa por mim, acaricia-me o pescoço, mexe em meus cabelos... ele tá aqui e comprova que "o essencial é invisível aos olhos", carícia gatuna e gratuiuta! tudo o que venho sentindo é como ele. não! ele ao menos se move, deixa marcas. meu sentimento, não. ai, já não sei se sinto ou adoeço (preciso expelir o corpo estranho que se move aqui por dentro, como um feto que pesa e precisa sair de num abdômen: ganha vida e destinos próprios... já não quero controlá-lo!), porque penso, ao invés de soprar teus cabelos e pescoço e lábios. e será que conseguiria sentir, apenas? preciso dos ventos pra me inspirar, preciso me encorajar e ser como eles, livres... e por serem livres carregam, derrubam, destroem tudo aquilo que precisa ser carregado, derubado, destruído. preciso saber se querers que te carregue (economizo forças), enquanto me derrubo e destruo tudo em volta. não quero mais nada, desde que próxima, muito próxima já estive de ti e do teu abraço. não agi, sou matéria enrigecida, e matéria pesada, por isso ventos só me cercam, me lambem as ideias, não me levam até ti: me cortam, me contorço de horror ou gozo, ainda não sei, não decidi. em tempo hábil. e ainda não é tempo, creio, de deixar jorrar qualquer coisa disso tudo. só quando eu puder, meu bem, sorrir.</i></div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-36544586987914052652010-03-31T23:53:00.005-03:002010-03-31T23:56:30.897-03:00a cada despertarengreno na escrita<br />
de uma coisa oculta...<br />
uma parte qualquer<br />
de mim mesma<br />
deformada<br />
em linha<br />
reta:<br />
nó.<br />
<br />
<div style="text-align: right;">(queria o claro da escrita</div><div style="text-align: right;">mesmo nada revelando,</div><div style="text-align: right;">preenchendo espaços</div><div style="text-align: right;">tecendo nos versos</div><div style="text-align: right;">dispersos, vazios</div><div style="text-align: right;">nós guturais</div><div style="text-align: right;">lágrima</div><div style="text-align: right;">suor e</div><div style="text-align: right;">sal)</div><div style="text-align: right;"><br />
</div><br />
desperto a mesma, dispersa<br />
no vagar dos sonos idos<br />
e sós em leito estreito.<br />
acordo em acorde<br />
pulsante, maior<br />
pálpebras<br />
ardentes<br />
lábios<br />
<div style="text-align: right;">e sonhos e vidas dormentes</div><div style="text-align: right;">(mas meu corpo, cansado,</div><div style="text-align: right;">lateja - são altas horas! </div><div style="text-align: right;">que barulho é este?) </div><div style="text-align: right;"></div><div style="text-align: right;">na madrugada, </div><div style="text-align: right;">a lua a pino.</div><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">aspirinas! paracetamóis!</div><div style="text-align: center;">tragam-mos: amenizam... </div><div style="text-align: center;">amortecem a dor moral.</div><div style="text-align: center;">meu café, esquentem-no!</div><div style="text-align: center;">lavarei o rosto e, se der,</div><div style="text-align: center;">farei as preces, pedirei</div><div style="text-align: center;">pelos sonhos partidos</div><div style="text-align: center;">perdidos no despertar.<br />
<br />
</div>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-87269524942797412862010-03-29T14:15:00.000-03:002010-03-29T14:15:47.184-03:00<div style="text-align: right;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> para Camila</span></span></div><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">águas tranquilas, </span><br style="font-family: inherit;" /><span style="font-family: inherit;">de profundidade incerta, desconhecida....</span><br style="font-family: inherit;" /><span style="font-family: inherit;">não sei se paro e contemplo, apenas.</span><br style="font-family: inherit;" /><span style="font-family: inherit;">não sei se, devagar, mergulho e submerjo.</span><br style="font-family: inherit;" /><br style="font-family: inherit;" /><span style="font-family: inherit;">aos poucos, aos pulos</span><br style="font-family: inherit;" /><span style="font-family: inherit;">molho os dedos, as palmas das mãos</span><br style="font-family: inherit;" /><span style="font-family: inherit;">e saio</span><br style="font-family: inherit;" /><span style="font-family: inherit;">pro vento</span><br style="font-family: inherit;" /><span style="font-family: inherit;">(e seu sopro sossegado e quente)</span><br style="font-family: inherit;" /><span style="font-family: inherit;">vir me secar.</span><br style="font-family: inherit;" /><br style="font-family: inherit;" /><span style="font-family: inherit;">(sempre saio e sento</span><br style="font-family: inherit;" /><span style="font-family: inherit;">e vejo, vejo, vejo...</span><br style="font-family: inherit;" /><span style="font-family: inherit;">volteio a margem:</span><br style="font-family: inherit;" /><span style="font-family: inherit;">contemplo-me </span><br style="font-family: inherit;" /><span style="font-family: inherit;">em segredo</span><br style="font-family: inherit;" /><span style="font-family: inherit;">mergulhar) </span></span>Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4222145178589797414.post-56255226598084740122010-03-06T17:17:00.003-03:002010-03-06T17:24:07.053-03:00"A vida só é possível reinventada" <br />
Reivento-me na linguagem<br />
Num poema<br />
Mesmo que<br />
Pra isso<br />
Não saia da escrita<br />
Do que sou<br />
E sinto de mim mesma.<br />
<br />
Não sei quem seja<br />
Eu, outrem<br />
A vida que levei<br />
Ou só tracei<br />
Ontem.<br />
<br />
A vida...<br />
Esta que ora quero,<br />
Por que me esmero,<br />
Ora jogo fora<br />
Relego ao acaso<br />
Das coisas que não sei,<br />
Não controlo.<br />
<br />
Comprometo-me,<br />
Mas logo esqueço, desuso<br />
O discuro que exergo<br />
E produzo.<br />
<br />
Se lê o confuso<br />
Do que ouço,<br />
Enxerga em palavras<br />
O que sinto,<br />
O que transbordo...<br />
<br />
Não! Não busque compreensão.<br />
Reinvento-me porque nada muda,<br />
Porque sendo não sou.<br />
<br />
Troco de olhos,<br />
Pois preciso ser outra... <br />
Vejo as coisas que conheço<br />
E ao vê-las <br />
Sinto-as de outra forma:<br />
Reinvento, pois, a vida!<br />
<br />
Enxergue o mundo como queira<br />
novo<br />
de outra maneira.Carol'cuthttp://www.blogger.com/profile/15413707178721439413noreply@blogger.com6