domingo, 23 de agosto de 2009

as flores naturais morrem.

14:52

não sei se o que me emociona são as flores, seu perfume, sua textura, seu sorriso feito de pigmentação...
ou
a lembrança antecipada de tudo isso: porque seu destino é a morte muito em seguida.




as flores são só mais uma lembrança que me dói.
vejo flores podres.

16:35

toddy, saltines & doriana
enquanto como, de pé, em frente ao balcão da pia da cozinha, penso: "por que será que flores são o único presente pra morto?"
arrisco-me a hipóteses. talvez a antítese seja o belo [e presentes se querem belos], a morte e a vida, a bela vida, mas perene. e é por isso que as flores dos mortos são sempre as mais bonitas: é o orgulho de estarem vivas, quando tudo em volta é morte e cinza.

20:00

sentada na sala, ainda sinto o cheiro de brócolis cozidas. são quase flores, seriam ainda mais, não fosse o excesso de cozimento. a esfriar, no parapeito da sacada, só os talos de brócolis. que pena!
eu queria comer flores.
paro, pensativa: este é o momento da escolha, o raro momento de escolha: gérbera, rosa, azaleia ou A orquídea?
como devagar a branca orquídea. guardo as demais flores e seus galhos para mais tarde, para quem sabe outro dia... mancho meus dentes com a sua estampa. acho que nunca mais eles serão brancos: salpicam-se de vermelho, como vampiros após ardente mordida.

agora estou bem.