terça-feira, 28 de abril de 2009

Da vida e seu processo polissêmico

Este artigo pretende, de forma resumida, analisar os indivíduos habitantes deste planeta Terra, divididos em algumas categorias simples. O pressuposto básico para esta divisão, cabe ressaltá-lo desde já, é o próprio mundo e sua condição ontológia de ambiente repleto de problemas de interpretação. Passemos à análise das categorias.
Há quem não entenda textos escritos, algo até aceitável, porque não são todos que têm o hábito de ler; há também aqueles que não entendem gestos; principalmente, existem os que distorcem os fatos, enxergando e interpretando só o que querem.
Existe, ainda, uma outra categoria (e nada impede que indivíduos estejam também entre as categorias supracitadas, as possibilidades são e sempre serão infinitas): os sem-atitude, a saber, pessoas que, além de não agirem, botam tudo no rabo daqueles que agem. Agem errado às vezes, mas agem.
Eu, enquanto pessoa humana, exponho então, à guisa de exemplificação e de conclusão deste trabalho, as várias categorias às quais pertenço: a das idiotas¹ , a das vacas² e a das egocêntricas³.
Conforme se pretendeu salientar, fica entendido que cada indivíduo, à medida que pode ser incluído nas mais diversas categorias, pode também criar as categorias necessárias ao seu universo particular (do mais sacro ao mais vulgar) e nelas autoincluir-se.
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¹ "Idiota é quem diz idiotices" (GUMP, Forest).
² Vaca: n. sf. 1 a fêmea do boi; 3. no jogo do bicho, o 25º grupo, que corresponde ao número da vaca (o 25) e abrange as dezenas 97, 98, 99 e a centena 00; 7. mulher de vida devassa. Conf. Dicionário Houaiss. (Já que, como espero ter ficado claro, tudo é uma questão de interpretação, dependendo da cultura, vaca é sagrada)
³ Uma pista para a definição: sou tão egocentrada que me masturbo olhando para a minha própria foto. (Como a pessoa que escreve este artigo é, além de tudo, muito didática, cabe acrescentar aqui mais uma forma útil de definição, a por analogia.)

sábado, 25 de abril de 2009

cala a boca
cala-boca
calaboca
boca
cala
bo
ca.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

eu hei de amar uma árvore.

seus galhos finos
[clek]
estalavam-se.
quanta dor ali naquelas folhas secas?
frágil, entre minhas palmas
não mais árvore, não mais vegetal
[ser vivo morto].
deixa, por isso, de ser uma árvore?

podo, podas, podamos...
quantos sonhos naqueles galhos?
clek, clek, clek
um a um, com meus dedos trêmulos
espedacei. com raiva? não.
com dó? talvez. secura de alma.
pupilas na seiva verde, fraca.
[sim, ainda há seivalma]

quarta-feira, 15 de abril de 2009

envelhecendo...



domingo, 5 de abril de 2009

Não tenho mais dentes. Tudo me é amargo. Ou oferece-me sangue que me adoce? Uvas fervidas no pão são doce, seu cheiro é doce, sua textura é tenra. Engana-te: não há sementes a serem cuspidas, não há choro que saia de poros secos, há só o mar logo aí, em frente, rente a ti. Tu és o mar, imenso, disforme e envolvente. Eu tenho medo de coisas assim, já reparaste? Viste que raro me banho em suas águas?
Não posso mais com seringas, já não tenho veias. Imploro pelo meu último cigarro. Porque pior do que não o ter, é tê-los todos, acendê-los todos, um a um, nas guimbas já tragadas, nas memórias de guimbas. Penso: será este o último? E nunca é! Quem me trará o último, quem me anunciará que não há tempo para mais nada? [apenas para um último cigarro e para uma prece intercalada às tragadas] De olhos vendados, conhecerei sua voz? E a tua, continua igual?
Sem dentes, sem seringas. Aceitas que eu te sorva?