sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

goodnight

chego aqui com muita vontade de digitar, mas talvez sem muito o que dizer.
faz tempo que postei pela última vez, faz tempo que os amigos cujos blogs leio também não postam.
estou tentando escrever um conto que não acaba nunca, e era ele que eu gostaria de estar postando agora. não tá dando...
sei lá, vamos ver aonde o teclado me leva...
é fim de ano, agora 00:38 do dia 26/12, e eu, assim como quase todo mundo, faço balanços e muitas reflexões nesta época. tá difícil chegar a conclusões, acho que pela primeira vez na vida não tô tendo muita noção do que vai se seguir, do que vai ser da próxima semana, do próximo mês... tudo bem, a idéia seria refletir sobre os acontecimentos do ano, pensar se foi bom, se foi ruim, se o balanço de tudo é positivo, se os fatos e as pessoas fizeram a diferença... não chego a muitas conclusões diferentes do óbvio: sim, tudo, absolutamente tudo fez a diferença! na minha vida, difícil o dia em que nada ocorre. mas este ano foi diferente, me sinto tão outra. o que de melhor aprendi foi a beleza da solidão e o quanto ela é capaz de trazer pessoas interessantes... mais ou menos como aquela metáfora do jardim e das borboletas. acho que aprendi a cuidar de mim.
quanto ao amanhã, estou tão reticente. reticente comigo mesma, reticente com todos. acho que pela primeira vez estou me permitindo isso, só não sei até quando [porque já há muito tempo aprendi a não me iludir em relação às supostas mudanças, minhas e dos outros]. um estilo 'let it be' de levar as coisas, o que até hoje nunca combinou comigo, aquela que sempre fez com que as coisas acontecessem, a autêntica forçadora de barra! nossa, e quantas barras já forcei por aí?! quantas vezes já tive o que queria? quantas vezes já quis me enterrar no primeiro buraco por causa disso?
enfim, acho que eu mereço estar justamente assim. muitos fatos ocorridos neste ano explicam tal [possível] mudança minha. afinal, tive que assumir posturas... quem diria, hein?! eu, aquela que sempre teve tudo sob controle, tudo planejadinho, milimetricamente... a vida acabou me mostrando que todo esse controle do amanhã não passa de mais um véu que vamos tecendo diante dos nossos olhos, porque isso gera o éter da segurança. assim como os textos que vou escrevendo, os fatos na minha vida têm vida própria. e eu não mando porra nenhuma.
encerro com um pequeno trecho de algo que o marquito escreveu:

Seres humanos não são meros joguetes da casualidade, tampouco são onipotentes senhores do próprio destino. Não são ingênuos fantoches do imprevisível, tampouco são hábeis titereiros de si mesmos.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

somnambul

para as pessoas que lêem este blog [e que por acaso são minhas amigas na vida] não é novidade que hoje eu tô indo pro Rio. ai, esperei tanto por esse momento... agora tô aqui, fazendo hora, colocando em dia as leituras de blogs. decidi então postar algo de utilidade.
nesta semana, descobri, por acaso, uma banda mt mt mt boa. é, como me disseram, eu sou uma 'baixadora' compulsiva! o estilo da banda é trip hop [creio que quem gosta de portishead tb curtirá essa]. vão abaixo um vídeo do youtube [mas essa não é a versão original da música, está remixada... a música original é mt melhor] e o link para baixar o álbum. aaaah, o nome da banda é somnambul.




http://rapidshare.com/files/147184044/Somnambul_misturebamusical.blogspot.com.rar

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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

trauma

Acordei depois do acidente certo de que a partir de então meu crânio já não seria o mesmo. Cada átomo da minha pele, do tecido todo que a compõe, estava desintegrado. Meus ossos também já eram uma massa mole entre músculos e veias. Decidi dormir, para ver se definitivamente conseguia morrer.

Era traumatismo craniano, mazela que pode ser provocada por aqueles que querem dormir depois de uma batida tão forte contra qualquer superfície dura. Morri, de fato, dessa forma. Feliz, assisti sentado e quieto ao meu próprio velório, pensando em como é boa a sensação de vitória em relação a um objetivo alcançado. Como era fácil, pois, morrer.

Meu caixão estava fechado, e te ouvi explicando o porquê disso à Rafaela... seu rostinho claro e vivo foi o único elemento capaz de me trazer tristeza. Logo desviei meu olhar, eu agora não precisava sentir mais, não precisava negar, porque tudo era tão simples: vocês já não faziam parte de mim. E tudo estava tão igual, eu ainda era possuidor de uma massa corpórea, ninguém dava pela minha presença. Estranho. Aspirei longamente o ar, fazendo com que minha pele se rompesse em pleno meio da testa: o sangue começou a jorrar exageradamente, a pele mole que envolve meu crânio parece ter se desprendido, passei a vê-la diante dos meus olhos: meu universo passou a ser, por alguns instantes, de um cego que enxergava em um tom de bege-claro, e eu queria era enxergar tudo ali... já eram vinte pontos desfeitos ao redor da minha cabeça.

Toda aquela sensação primeira de liberdade deu lugar à de horror – meu crânio desfazia-se, enquanto todos me olhavam sem entender toda a cena; tu, escondendo em teu peito o rosto da nossa pequena, para que ela não me visse, meu silêncio, meu terror, minha vergonha, enfim. Não é todo dia que temos nossos próprios miolos espalhados ao chão, à mostra. Repentinamente, em meio a ossos, massa cinzenta, sangue, pensamentos meus materializavam-se: todos, perplexos, desvendavam o meu suicídio, a minha paz, o meu repúdio a esta vida indigna – porque ali no recinto estavam até inimigos meus, pessoas que, sem o mínimo pudor, ainda se deram ao trabalho de incharem suas pálpebras chorando diante do meu caixão. Imediatamente, todos me xingavam, amigos, parentes, inimigos, tu, Rafaela... fiquei só no banco onde estava, já sem nenhum vestígio de crânio.

Imobilizado, acordei novamente na cama de hospital, onde estava tranquilo o suficiente para que não me percebessem desperto. Foi assim que ouvi: apesar de imensamente lúcido, sem prejuízo das minhas faculdades mentais – o que já era um milagre -, eu seria um eterno tetraplégico. Mais uma vez, decidi pegar no sono. Quanto tempo mais eu conseguiria morrer?

domingo, 12 de outubro de 2008

lâmina

Já ouvi por aí que a vida é muito louca, várias vezes. Mas isso dizem aqueles excessivamente normais, a quem isso que se chama vida [fortuna?] causa estranhamento. A nossa vida até que era pacata, porque não éramos normais.

Um dia, tudo vai de um jeito, temos, um ao outro, a nós: e isso basta. Dizias que eu enlouquecera, mas digo-te que tal bênção ainda na minha porta não bateu. Declarei-me, sim, culpado do teu infortúnio, bem o deves saber agora. Agora, mais louco ainda me deves enxergar. Mas morte é morte: morte tua, morte minha também. Afinal, diga-me, não achas que eu merecia esta tão funesta participação, contribuindo para a verossimilhança [e, por que não, coerência?] no grand finale da tua tragédia pessoal?

Fico pensando que, de algum lugar, agora me olhas e fazes aquele teu meio sorriso [que equivaleria, em uma pessoa efusiva, a uma sorriso com todos os dentes à mostra]... bobagem: mais uma vez, estou querendo co-protagonizar algo contigo, fantasiando o teu consentimento. Meus pensamentos, contudo, insistem mais um pouco: não, não fui eu quem, nos pulsos, atravessou-te a navalha, mas sinto que esse talvez fosse o meu dever, a minha permanente vontade, o meu desejo mais interior: vivi até hoje só para isso e, ainda assim, fracassei, não fui eu a te matar. Para salvar-me, e salvar minha possibilidade de existência nesse mundo [porque creio em dor moral], confessei a tua morte.

E era preciso continuar matando. Entrei no teu apartamento, todo fechado... Tudo era tão úmido ali: escuridão em mim! Era o ar, seria a minha respiração espessa? Era tão proibido e impróprio tudo isso... era o cheiro sufocantemente jasmim. Quem o convidou, por acaso, que entrasse? A perfumar dessa casa os espaços vazios? Talvez fosse aquele teu perfume do oriente, teu sangue conservado numa poça em temperos e pétalas brancas.

Sentei-me, enfim. Passaste, igual àqueles idos quinze anos, correndo a me chamar aos gritos [Vem, vem, vem], lembras? De preto, e tu sempre mais que eu, íamos deitar-nos, no quintal anormal que então tínhamos na fazenda, sobre mortos que jaziam sabe-se lá desde quando: até quando? Com flores coloridas eu te cobria, flores grandes, pequenas, naturais, de tecido, de plástico. Tu a dizer-me: “Morro e me enterras assim, de preto, mas só aceito flores naturais: quero que apodreçam comigo”. Ai, que medo, eu pensava... mas jamais poderias desconfiar! Arrependo-me só de não te ter afirmado que quem ia antes era eu, mesmo adivinhando, desde a primeira vez que te vi, que tudo seria exatamente assim. Conforto-me, no entanto: quem poderia contrariar-te? A quem não convencias com teu simples respirar? Além disso, não me deixes esquecer, fracassei...

A paisagem era tu no teu apartamento, em que na mesma tarde adentrei. Só restava, dissonante, o quadro aquele do verde úmido [lembras?] onde às vezes habitávamos. Sempre imaginávamos, enquanto o clima aqui na cidade era frio, inóspito, nublado, molhado [o mais lindo dos climas], nossa vida naquela tela, fugíamos para um outro tempo da História também. E até que tínhamos talento na arte de nos imaginar: deitada sobre o tapete púrpura, teus pezinhos mal chegavam ao seu final... no meu colo, dava-te uvas ácidas à boca, observando, certeiramente, teus cabelos cor de mel, cujos cachos caiam sobre teus seios, sem, contudo, ultrapassá-los. O sol em ti chegava a refletir, no teu traje branco de rendas, na tua pele alva, rosada pelo mesmo sol. Era a típica tarde que, assim inventávamos, vadia. Em tais circunstâncias, que outro nome dar-te-íamos, pois, que não Luísa? Esse nós que inventávamos, em outro século, em outro lugar, a mim era o mais fácil de suportar. Naquela tarde em teu apartamento, doeu-me nunca teres levado a sério a nossa mais bela criação juntos, porque sempre rias e nos ridicularizava: “Imagina, meu caro, eu jamais usaria todo esse branco nojento, jamais teria os cabelos dessa cor desprovida de personalidade, ainda que assim tivesse nascido...”.

Paradoxalmente, tenho minha vida e já não a tenho, vivo agora no mais completo estado de zumbi, também por total falta de coragem: bastaria mais uma lâmina. Hoje fui a um psiquiatra, sabes, que me disse o que tomei como verdade imediatamente: eu preciso disso tudo, da prisão, da cela, do desprezo de todos para aplacar esta culpa que exala do meu hálito, por isso não me mato também. Culpa de ter nascido e não te ter matado, porque essa sim era a nossa criação mais verossímil, a que mais a ti parecia bela. Como sempre, tu, mesmo morta, ditando o nosso verossímil. Invadi a nossa casa para poder pôr a prova essa sede de matar, e matei aquela Luísa do quadro da parede, o nosso retrato mais mentiroso de todos os que inventamos... Por que ainda querê-la numa parede que nem era minha? Por não ser tua... nem minha mais? Luísa não era eu. Não era tu. Não era a lâmina que pelos teus punhos entrou. Não era o teu pullover preto, teus cabelos pretos. Muito menos as flores que dentro de ti embalsamei. Mas agora o serviço está finalizado, ao menos a ela consegui matar.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Epifanias

- Sonhei contigo, mas não lembro bem... sei que a gente se beijava e ficava junto para sempre.


- Hm... é estranho, eu sonho isso toda hora também. Na verdade não é estranho, é muito verossímil dentro desse universo surreal que construímos [que não se dilui nunca]. Já dizia meu pai: “Até uma barra de ferro, dentro de um copo d’água, se dilui”.


- Eu só te contei um sonho que eu tive: da próxima vez não conto não. Achei que ia te fazer um bem e ainda ouço que o meu sonho é previsível. O que é que eu deveria sonhar então?


O assunto ficou levemente suspenso, porque nem restava o que dizer de diferente, só esse tipo de diálogo improdutivo e sem futuro. Nada, aliás, tinha mais qualquer futuro.

Alguém andou escrevendo:
Ás vezes eu sinto luto
eu sinto nojo das gentes
eu vou vomitar meu presente


e nada mais expressaria tão bem o que Maria Luísa andava sentindo por esses dias: que coisa é essa de imaginar uma única felicidade possível, numa espécie de Pasárgada?


- Pensei em te dizer, sabe, que meu “paraíso” é o teu beijo, mas achei cafona, e muito desnecessário.


Para Maria Luísa, sim, muita coisa, ao longo da sua nem tão demorada existência, se tornara desnecessária. Até viver, em certas épocas. Preguiça de sair, de comer, de abrir os olhos. Hoje, contudo, algo aconteceu!


- Desnecessário? Nunca é, pode acreditar! Eu adoro! Afinal, o que é que tá acontecendo?


- Hoje tive uma epifania!!!


Pra começar, Maria Luísa adora essa palavra: algumas pessoas dizem que tiveram um click. Ela não. Sua primeira epifania foi tida com a repetição em voz alta de seu nome enésimas vezes, até que descobriu que pode existir uma certa graça em ter um nome duplo, de forma que, desde então: “Como é o teu nome?”, “Maria Luísa!”. E olha que isso nem foi há tanto tempo.


- O que é uma epifania?


- Hmmm, quer mesmo que eu explique, Paulo Fernando? Que coisa ter que ficar explicando tudo!


Paulo Fernando foi a causa dessa sua primeira epifania: já não bastava Maria Luísa se chamar assim, adquirindo muitas alcunhas distintas? Ora Maria [Mari], ora Luísa [Lu], ora Maria Luísa. Conheceu Paulo Fernando e logo se obrigou a achar isso gracioso! Ficou sendo Paulo Fernando pra cá, pra lá, a todo tempo... tanto que ele se convenceu de que, sim, seu nome só podia ser Paulo Fernando: nem mais, nem menos.


- Que que te custa?


- Tá, assim ó, hoje eu decidi várias coisas que eu devo fazer, porque assim vou ser uma pessoa mais feliz.


- Então epifania tem a ver com felicidade? Por exemplo, eu sei, desde sempre, que se os meus números forem sorteados na mega sena eu vou ser feliz pra toda a minha vida. Simples assim?


Simples. Maria Luísa sempre soube de tudo: ela sabia, aliás, que todos os seus planos de viagens poderiam ser meras rotas de fuga. Nem era uma questão de não suportar a realidade, mas de questionar sua própria capacidade para alcançar o mundo de coisas com que um dia sonhou. Um dia já foi pura epifania o dar-se conta de que os sonhos são mutantes, de que alimentava sonhos já descabidos e de que o caminho de hoje, portanto, não valia mais a pena. E outra, mais outra, e outra epifania, todas vão chegando para anular todas as outras que as precedem.


- Até quando, Paulo Fernando?


- Quê? Isso que eu disse é ou não é uma epifania?


- Não, Paulo Fernando, não é. Agora me diz, até quando?


Até quando? Esse era o seu maior medo. Se Maria Luísa pudesse, bem que desejaria anular a seqüência de epifanias: queria estacionar em uma só, definitiva e permanente. Afinal, até quando durariam as suas resoluções? Até quando as coisas permaneceriam com o status de descoberta? Quando é que o novo assume as feições do velho? Quando que a metamorfose ambulante se transforma em inconstância?


- O quê?


- Paulo Fernando, eu não te amo mais.


Mas Maria Luísa o amava, e isso descobriu na próxima epifania que teve.


- Eu te amo, Paulo Fernando!


- Maria Luísa, vai à merda.


terça-feira, 2 de setembro de 2008

O que ainda não vi

Queria sentir

os átomos quentes

a massa de sangue

o gosto de soro


Sua afinação,

seu timbre, apnéia,

estertor, entregue

completo e pleno


Corpo evanescente

exala alegria

Humor e essência

de verdade crua


Verdade instintiva

de alguém que permite

ser na condição

de humano, animal


Pós- realizado

consumado volta

a doçura própria

nobre fidalguia


com seu corpo mole

entregue se deita

em mim tão macia

ri, fecha os olhos


Esquece o cigarro

dorme sua morte

enquanto observo

durante, depois



[alguém especial escreveu pra mim.... e depois dizem que eu me acho! ashashash]

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

o lamento era do asfalto.

enquanto tocava a tão famosa canção, saiu do seu estado de letargia; prestou atenção:

não posso esquecer
o teu olhar
longe dos olhos meus
 
ai, o meu viver
é de esperar
pra te dizer adeus
 
mulher amada
destino meu
é madrugada
sereno dos meus olhos já correu
 

claro que era cafona, era suburbano demais, era carioca demais, mas era aquilo ali que ele sentia. não, não, não, não, se sentia tão ridículo! querendo até chorar com uma metáfora igualmente ridícula sobre chorar: inaceitável.


só que agora a merda já tava feita, como retornar [como se diria ao taxista: não, véio, me enganei, faz o retorno e volta pela rua de trás] ao estado letárgico confortável? mas não, o pensamento precisava [?] seguir adiante, e lá no fundo a automoléstia deve ter alguma vantagem. o que pensar? porque tudo se resumia ao que música dizia, e até um dia antes era essa a situação, a da segunda estrofe, e foi dado o tão provocado adeus. logo ele, que odiava dar adeus, que, no máximo, era capaz de dar um até logo. mas, também como o próprio não se cansava de dizer, alguns papéis cabem a uns, outros cabem a outros...


porra, e não bastou a música martelar, vinham agora considerações filosóficas [daquelas bem sem embasamento nenhum, como era bem de seu costume, quando tinha alguém disposto a ouvir suas inúmeras teorias sobre a humanidade e sua estrutura psíquica], piorando a cada segundo, passando ao provérbio [afinal a voz do povo é a voz de deus] deus escreve certo por linhas tortas. deus o caralho caralho caralho caralho. deus nem existe, porra! ai, alguém cala a boca da minha cabeça?


como é que pode essa coisa chamada destino enganar tanto a gente? como??? tudo conspirando a favor, mas num a favor que é desfavorável. de repente, se chega ao avesso do avesso, nasce um espinho no meio da rosa, iniciando sua metamorfose [porque o destino de toda rosa é ser cacto!], o veneno vira antídoto e tudo está no seu lugar, na mais perfeita ordem.


há males que vêm para o bem: era alguém lá dentro da sua cabeça, de dentro de sua memória das coisas populares, que gritava mais um. cara, pára, já tá tudo bem, tudo superado. era preciso só conferir, confirmar, testar, tentar... e agora a vida continua, e o futuro a deus pertence [...]


afastou tudo o que pensava, entrou no mais delicioso estado letárgico/catártico [difícil dizer o que era isso para ele, afinal] com seu exemplar velho entre os joelhos: leu leu leu leu leu e, costumeiramente, marcou passagens para, quem sabe um dia, lembrar de coisas que não fossem ditados moralistas e englobadores de todas as situações do globo. suas respostas continuavam contidas na diva que conseguia dar conta do indizível. e agora já era ela quem falava.


Para me refazer e te refazer volto a meu estado de jardim e sombra, fresca realidade, mal existo e se existo é com delicado cuidado. Em redor da sombra faz calor de suor abundante. Estou viva. Mas sinto que ainda não alcancei os meus limites, fronteiras com o quê? sem fronteiras, a aventura da liberdade perigosa. Mas arrisco, vivo arriscando. Estou cheia de acácias balançando amarelas, e eu que mal e mal comecei a minha jornada, começo-a com um senso de tragédia, adivinhando para que oceano perdido vão os meus passos de vida. E doidamente me apodero dos desvãos de mim, meus desvarios me sufocam de tanta beleza. Eu sou antes, eu sou quase, eu sou nunca.

***


quarta-feira, 13 de agosto de 2008

O quarto já era sombra, totalmente povoado pelos reflexos simultâneos dos espelhos ali. Onde estarei? Que tão estranha sensação de amante que se prepara para aquele que nunca vem? Os lençóis perfumados: são odores de flores podres, que jazem juntas ao corpo de uma noiva morta. Noiva não, prostituta assassinada quando tinha o semblante leitoso e doce. [Nuas, mortas ou dormindo, não tem diferença].

Onde estavam os anéis das pontas daquele cabelo castanho-claro? Era o mesmo cabelo que evoluíra ao radical amarelo e depois ao preto, de um liso ofensivamente simétrico, quando nada era maior que as unhas grandes, os peitos fartos, a pele lisa? Lixa-se, com pressa, as pontas de unhas curtas [e cada vez mais curtas unhas] que engancham nas roupas de lã, sensação enervante que é preciso, antes de qualquer outra coisa, de qualquer outro pensamento, evitar: a situação da unha, presa às tramas de algodão, pouco a pouco a se partir pelos cantos. Às vezes seria mil vezes desejável acordar uma barata cascuda, porque isso é literatura [não tem explicação] [não carece de explicado] [ninguém quer explicação]. E, quando todos os espelhos refletem a carne mais humana [da pele mais branca] do que nunca, e a consciência grita: ba-ra-ta?

Barata não tem unha e provavelmente não deve ter coração pulsando; barata não dá importância a cravos e tampouco a rosas; barata não chora por não ter consciência; barata não tem cabelos para lavar; barata não sabe o que é um olhar, não diferencia o verde do azul e nem sentir cheiro sente.

...

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

a volta.

dilaceração.
que bom que ainda temos amigos que saiam com a gente na foto.
que bom que, apesar das tristezas, ainda temos sorrisos a distribuir.

(carol, tamara e thaís na redenção - 03/08/08)

[não]

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quinta-feira, 24 de julho de 2008

das férias.

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meus pés ainda estão bem enterrados em poa, a cabeça, já na estrada.

toda vez que se aproximam as férias, a gente pensa: vou fazer isso e isso e isso e aquilo. bobagem, né. como sempre, resta-me um pouco de frustração, por - mesmo já sabendo desde sempre que isso não funciona nunca - ter feito muito pouco do que pretendia. paciência.
(mas deixemos isso, este post foi pensado pra falar de coisas boas....)

o que fez a moçoila então? a jovem manceba aqui, primeiro, trabalhou feito uma condenada, para que pudesse realizar a melhor parte das férias (na seqüência...). depois, e isto só aconteceu nos últimos dias, vi um monte de filmes, a maioria em casa, da pilha de dvds que temos de empréstimo. um woody allen bem mais ou menos (crimes e pecados - 1989), um filme (bom) sobre as torturas na ditadura argentina (o nome fico devendo...), o surpeendente taxi driver (1976 - martin scorsese) e o estranhíssimo veludo azul (1986 - david lynch). no cinema - e isso foi extraordinário - (p.s.: eu e a nana finalmente conseguimos ir juntas ao cinema!!!), vimos dois filmes realmente muito bons: não estou lá (2007 - todd haynes) e o banheiro do papa (2007 - enrique fernández / césar charlone). bom, as resenha eu deixo por conta da nana!

também tive a oportunidade de ver pessoas queridas, o que há tempos a rotina não deixava.
pude ficar um pouco mais com a minha família, até mesmo fazer uma viagem pra serra.
pude conhecer pessoas novas, ainda que não tenha dado em nada.... (e isso é outra história).
beber algumas, beijar na boca, dormir acompanhada (mas só às vezes!), ver as estrelas de um telhado no pinheiro (...)

agora estou a dois dias de buenos aires: eufórica, atucanada, paranóica... para algumas pessoas pode parecer exagero, só que, desde que saí de lá, quero voltar. e agora vai acontecer e mal consigo acreditar. também tem o fato de poder ficar praticamente 10 dias sem nada pra fazer. melhor: com muito, muita rua pra andar, muita coisa pra visitar... sair dessa loucura, das obrigações de sempre. é esse o grande motivo de eu ter trabalhado tanto, tantas horas por dia...

quando voltar de lá, no dia seguinte começa toda a roda outra vez (e mais viva do que nunca). c'est ma vie! mesmo não tendo feito exatamente o que planejara, acho que, no final de tudo, o balanço será positivo.
então até agosto :)

domingo, 20 de julho de 2008

durante muito, muito,
quase toda a minha existência,
eu quis, eu busquei, eu admirei o simétrico.
em tudo.
mas tudo se foi,
muita coisa ainda se vai:
sem que eu queira
sem que eu peça.

depois, um dia, sei lá quando
(há pouquinho)
não só me parecia interessante
mas o assimétrico começou a tomar conta.

hoje é tão mais simples:
eu não quero, nem secreta
nem inconscientemente,
a reciprocidade.
eu quero é o 5 a 1.
o vermelho e o verde,
mas só quando quero.

quero sim uma só vez,
aquela, assim, pra guardar
só a essência, porque no final
é só ela que basta.
basta porque é o que resta.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

a tecnologia!

Ai, que coisa queridinha! É, esta sou eu, fiz, por incentivo do João, lá no Orkut!!!!

Get your own BuddyPoke!

apenas um brinde ao passado.

príncipe

do nada me veio a vontade de te escrever. ou viria do livro que estou lendo? não importa, tampouco por que justamente a você. não! nada tem a ver com o que aconteceu entre nós ontem, afinal tudo foi mais ou menos como das outras vezes. simplesmente me ocorreu tudo isso e eu tive que escrever.

o fato é que você conhece pouco da minha vida. e eu, o mínimo de ti. nós ainda não somos de fato amigos, mas me peguei pensando que você sabe de coisas de mim que ninguém, ou quase ninguém sabe. e sabe até das coisas que inventei. por que você? não sei.

se uma coisa está te passando pela cabeça agora, delete-a. não, eu não estou apaixonada por você, mas já quis estragar tudo desse jeito. desde sempre eu penso que você tem essa visão das coisas, e eu já quis saber inclusive tudo o que poderia povoar seus pensamentos e que de alguma forma me "linkassem". essas linhas também não têm a intenção de desinflar o teu ego, dizendo que eu não sou mais uma das guriazinhas que se impressionam com uma bela trepada. juro que tudo isto está livre de toda e qualquer ironia.

minha consciência acusa que não há sequer uma relação entre nós. se há, é eventual e superficial. o melhor e o mais importante é que não há vínculo entre nós. o estranho: confio em ti, com um tipo de confiança que desconhecia. ela nada tem a ver com a velha dupla mentira-verdade. afinal o que é a verdade? a mentira com certeza é uma das possibilidades que qualquer acontecimento pode ter, a mais conveniente para o momento, por assim dizer. há os que se ferem e os que riem com ela, é só uma questão de ponto de vista. é preciso dizer que não me importo com a maneira como você se comporta na minha frente, como se eu fosse um homem. ou você definitivamente não liga para o que eu vou achar, ou talvez também confie em mim, da sua maneira.

mais um "talvez" (a certeza é muito improdutiva): talvez pensemos parecido. já estou quase me acostumando a pensar como um homem. hoje li: "não tenha esperança de encontrar pessoas que a entendam, alguém que preencha aquele espaço. uma pessoa inteligente e sensível é a exceção, a grande exceção. se tiver a esperança de encontrar alguém que a entenda, você vai acabar louca de desapontamento. o melhor que pode fazer é entender a você mesma, saber o que quer, e não permitir que as pessoas ordinárias atrapalhem o seu caminho". achei isso bonito e decidi ser generosa com você. e generosidade é uma qualidade em mim, não? meu couro, é verdade, é bem comum, e aos seus olhos pode ser que eu seja mais uma putinha daquelas que você intima quando quer inflar o seu ego. e talvez eu seja. sinceramente, minha preocupação agora é só entender a mim mesma. típico.

pode até ser que você faça parte dessa compreensão, tanto quanto isso poderia ser uma cartinha de amor caipirinha-com-adoçante. rs, não estou drogada ou bêbada, nunca estive tão sóbria. você já me viu chapada, você é perspicaz.

se você leu até aqui, é isso mesmo que está escrito. é um elogio à liberdade, ao pensamento, ao "viver como se gosta". e eu acho mesmo que você vive bem como gosta. um brinde a você.

até logo.
ass: raposinha

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quarta-feira, 2 de julho de 2008

Da lei seca

Pois bem, diante de tanta polêmica, não poderia ser diferente. Sim, vou dar o meu pitaco.
(Agora que eu quase arrumei uma confusão em família por causa dessas coisas.... aff!)

Concordo que a lei seja radical, mas creio que só dessa forma a sociedade se mobiliza a discutir um problema social sério como é este: bebida + trânsito. Todo mundo se garante, alcoólatra é o “vizinho”, e só se pára pra pensar quando um ente é vitimizado por alguém que bebeu só um copinho... Isso até me faz lembrar da questão das cotas: até a aprovação do projeto, nenhum daqueles candidatos em potencial às vagas na medicina da UFRGS tinha falado em ampliação de vagas ("Até podem implementar o sistema de cotas, mas ampliando as vagas" = "Pode dar mais chances aos desfavorecidos, mas sem mexer no meu!!!"). A falta delas só começou a ser enxergada como um problema, quando atingiu a elite.

Voltando ao que me traz aqui, sim, agora se fala em direito de ir e vir. Acontece que no nosso país só têm esse direito aqueles que têm grana: grana pra ter o seu carrinho, pra abastecê-lo, pra freqüentar baladas, pra comprar as bebidas que ingere. A multa é mais que o dobro do salário mínimo, ok, mas quem tem grana pra ter o carro, abastecê-lo e ainda gastar com álcool, mil perdões, não vive da miséria de um salário mínimo e pode, sim, pagar a multa. Acontece com quem tem carro. O pobre, pobre mesmo, não está sendo afetado com essa lei, porque não teve dinheiro para fazer a CNH, porque nem carro tem. Bebeu, não tem grana pro táxi, não quer pegar um ônibus... azar é o teu. De uma vez por todas, parem de usar o pobre nos argumentos...

Ainda falando naqueles teus direitos de ir e vir, quer dizer que eu tenho que ser vitimizada, porque o teu direito ($) é maior? Porque o teu direito de usufruir dos bens que conquistaste é supremo? O engraçado é que as pessoas querem melhoras, mas só as operadas pelo Estado; ninguém quer abrir mão de nada... Se tu tens o direito, o livre arbítrio de decidir gastar uma parcela do teu salário em bebida de álcool, tembém tens o dever de arcar com os deveres de cidadão. Aquele que bebe e pega no volante, mesmo nunca tendo se envolvido com acidentes, ainda assim é um CRIMINOSO em potencial, pois sabe que está ingerindo uma substância química perigosa. E agora, mais ainda: está infringindo uma lei.

Mais uma ressalva: a lei não está criminalizando a bebida alcoólica, está restringindo o seu uso na posse do automóvel, que pode se tornar uma arma e, aí sim, produzir um crime.

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quinta-feira, 26 de junho de 2008

hoje eu tô dada a essas coisas...

é que eu nem gosto!!!
sério, depois de um trabalho e duas provas, tô me sentindo Maximova, uma Sugar Plum Fairy!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

indicação cultural da semana



terça-feira, 17 de junho de 2008

a lusca-fusca tá ofuscada por tempo DETERMINADO. não me verão até o final do semestre.
e tenho dito.

{jura que sou eu que tô determinando isso - Hehehe ;P}

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Das surrealidades

sentada na privada, ouvidos na sala, pensamentos em aleatoriedades, olhos pra direita: hum, papel higiênico perfumado... isso dá alergia. dá nada, tem que se limpar, né? puxo a calça de abrigo, olhadela no espelho (ai ai), lavo as mãos, volto pra sala. tudo gira, até a conversa... mas do que mesmo se estava falando, ah, o assunto já trocou. joão Bosco no som, pés gelados de sem-meias, chimarão-vinho-chimarrão-__, meia-luz da luminária idosa e falível às nossas gargalhadas, nada comparável às surrealidades dos últimos dias, dos últimos momentos. também, o que mais eu poderia querer? precisara de uma calça seca – me foi dada, sem precisar, sem querer, foram-me trazidas almofadas, toalhas, casaco quente.


almoço, chuva no lombo. jogo? grêmio? duas loucas na rua com camisetas do time. mais chuva. não era hoje. o ed não atende o celular.... “venham aqui em casa comer pipoca”. cadê as pipocas? ahhhh. pipoca, pipoca da cozinha à sala. (...) luminária, sofá, rum, cd player, “as portas da percepção”, bandolim, cavaco, violão, pandeiro, ré menor em quinta. mais tarde, beeem mais tarde, já na hora da cerveja, uma moça tropeça na minha mesa de boteco, o moço que tava com ela me faz sinal de querer um cigarro, “quer um cigarro?”, já não tem mais ninguém na minha frente... bizarro?


caso de sair, querendo voltar cedo: cedo pra acordar às três da tarde no outro dia. chegar em casa, tenho vinho ali, acabarmos no tapetão com uma ânsia febril. e era quarta. quinta: ensaio. guitarras dissonantemente desafinadas, baixo inaudível, vocal tímido, prato caindo da bateria... toc-toc-toc, minhas botas batendo na calçada da rua, às três da manhã: medo.


é ele ali!, será?, acho que não, é sim!!! (...), eu não pedi essa torrada, aquele cara ali não era esse mesmo que tava aqui???, me intoxiquei, não consigo mexer meus braços, pega um pote, queria fazer um mapa astral, mas preciso de 120, não grita, pára!, ele pode ser o amor da minha vida, ele queria um amor mais simples, “um fiiiiio de cabelo no meu paletó”, eu me responsabilizo, homem não diz essas coisas, tu me deixou morto, vocês são vegetativas?, acho que “jaded” funciona bem, ele é uma brastemp, vocês já pediram?, não, o cara adivinhou, nasceu com 53 cm, o casaco tá multiplicando meus pis, “i’m gonna get dressed for success”, ah se o thiago não tivesse aqui, tu vê o que é a cognição, não é a fulaninha de tal ali?, tá tudo bem, e contigo?, “vai cagá ou vai mijá?”.




quarta-feira, 4 de junho de 2008

Dos amores simples....

a cena:
d43, arildo e eu:
"é, carol, entendi tudo: ele estava à procura de um amor mais simples".

acho que não é só ele. tem muita gente aí. MEU DEUS!!!!!

{qualquer hora eu falo mais a respeito. deixe seu pitaco, dizendo o que seria um amor mais simples.... }

terça-feira, 3 de junho de 2008

Carol doente
Carol correndo
Carol deprê
Carol chateada
Carol cansada
Carol um pouco NUMB.

{agora é o caso de muita correria mesmo, por isso vai algo tudo a ver com as minha últimas noites de sono}

Tenho coragem? Por enquanto estou tendo: porque venho do sofrido longe, venho do inferno de amor mas agora estou livre de ti. Venho do longe – de uma pesada ancestralidade. Eu que venho da dor de viver. E não a quero mais. Quero a vibração do alegre. Quero a isenção de Mozart. Mas quero também a inconseqüência. Liberdade? é o meu último refúgio, forcei-me à liberdade e agüento-a não como um dom mas com heroísmo: sou heroicamente livre. E quero o fluxo.

(Água Viva - p. 20)

terça-feira, 20 de maio de 2008

"No meu coração há uma paz de angústia, e o meu sossego é feito de resignação."

hoje estou voltada a uma filosofiazinha barata. mas não é de hoje que venho caraminholando.
algumas coisas mudaram, como, aliás, vêm mudando de uns tempos pra cá. fazendo uma retrospectiva, nossa! como as coisas mudam de um ano pro outro. daí a pergunta: sera que 'era' para ser assim? não, não é pra tanto... só porque sou a pessoa mais otimista do mundo, não quer dizer que eu tenha passado a acreditar em destino. deixo isso para os um pouco mais passivos.
semana passada fui transfeira de setor de trabalho. fiquei me borrando de medo e tal, mas agora eu tô me sentindo bem melhor em relação a essa minha decisão de aceitar o convite, de trabalhar com algo um pouco diferente, de aprender alumas outras coisas. mesmo assim, senti vontade de chorar, de voltar atrás... {vezes eu até me permito algumas humanidades!}
outras coisas na minha vida também mudaram nos últimos dias. eu fiquei triste, no fundo também aliviada.
desde então, venho trabalhando com um sistema de metas diárias, método antigo na minha vida, aliás. assim posso ficar feliz todo dia, a cada meta traçada e cumprida. felicidade meio boba, eu sei, mas altamente produtiva.
já somei dois dias de felicidade!

...

a isso dou o nome de 'a arte de se contentar com o que se tem'.
não, não é um post ácido. não é queixa. na verdade, eu até estou feliz, mesmo. não tenho frio na barriga, ilusões, desgostos. tô feliz como os tolos, que se alegram com o nada, com o feriadinho, com o não fazer nada. ando tolamente feliz com as pequeninas coisas, como os meus fones no ouvido a olhar o nada, a deitar na grama, a ficar de pés desclaços até neles sentir frio.

...

estou a 10 créditos {e uma monografia} de me formar. empolgada com isso. e, nas horas vagas, posso ficar fechada no meu mundinho de eternos chimarrões, músicas, filmes, leituras, cigarros, cafés e cervejas... isso é ser feliz!

domingo, 18 de maio de 2008

hoje o dia estava lindo,
e saí para vê-lo passar.
agora, triste, a noite
escancara meu coração partido,
mas traz a (quase) certeza
do amanhã que tudo apagará.

.
.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

tudo o que pode ser dito hoje:

sexta-feira, 9 de maio de 2008

uma boa notícia.

muito boa mesmo. é que, volteando pelo youtube, descobri que a Camille lançou mais um cd. baixei, fiquei feliz, daqui a pouco vou ouvi-lo. melhor, péra aí, vou descompactar já...
deu, já tô ouvindo. {portanto, não posso dizer ainda se ele vale tanto quanto os outros dois}

pr'aqueles que não conhecem, vou botar aqui um vídeo. a música é la demeure d'un ciel (em versão ao vivo: ênfase pras vozes que ela vai fazendo e gravando, e que depois servem de fundo), do álbum le sac des filles (2003).


e, pr'aqueles que gostaram, deixo aqui o link dos 3 álbuns:

2003 - le sac des filles
2005 - le fil (o meu favorito, aliás)
2008 - music hole

***

quinta-feira, 8 de maio de 2008


Ansiedade mil. Navega, navega, navega, pulando de janela em janela, e o que persiste... vácuo. Será o sol ainda lá fora – coisa que é capaz de fazer o horário de verão. Será isto e mais o não-segredo da sexta entupida de pessoas dentro dos botecos – “Vê mais uma aqui, ó”. E aqui? Vamos ver quem está aqui. (Mais uma passadela rápida de janelas) Opa! Talvez aí um convite, um elogio, uma proposta irrecusável e indecente. Mas o que mesmo eu queria? Uma leitura de um romance por obrigação? Um filme daqueles de rolar de rir? Uma bebida forte? Uma música (qual música?)? Um baseado?


Quem sabe passar o (pouco) tempo livre pensando em desgraças? Sim, eu sei, bem o meu tipinho, é bem uma vontade infernal de que algo aconteça para colocar definitivamente as coisas no seu devido eixo, girando em uma órbita fechada em torno de mim.


Ela estava assim no exato instante em que tocou o telefone e alguém apareceu. Alguém abstrato, um não-alguém, pois, a estas alturas, já nem interessava mais o “quem”, mas o que estivesse disposto a esticar um pano qualquer na grama e, deitado, falar coisas aleatórias, na mais profunda contemplação do estar ali. Ainda não se sabe se esse alguém preencheria de alguma forma esse pequeno e tão pouco exigente requisito.


- A que horas? Onde mesmo? Ah, sim, todo o pessoal vai estar? Certo, dou uma ligada...


É claro que não é bem isso que eu quero. Na real, nada disso. Cadê a grama e a aleatoriedade? Fica o conversê daquelas coisas “meu dia-a-dia de cansaço”, das coisas que, de tão pequenas e fáceis de dar-se um jeito, não valem a movimentação dos lábios.


De nada adiantou o telefonema, pois a proposta não era atrativa. Ao menos, falta de oportunidade não era exatamente o mal de que sofria. Pensou, como todo mundo pensa, em abrir uma daquelas tantas janelas e escrever algo misturadamente triste, melancólico e enigmático, só que ela também já sabia que este tipo de tática já não funcionava mais com os mais espertinhos e avisados, justamente aqueles cuja atenção queria despertar, pela probabilidade ser imensamente maior para a programação abstratamente tecida em sua cabeça.


terça-feira, 6 de maio de 2008

NY songs

certa vez, disse David Gilmour que gostaria de ter tido o prazer de ouvir pela primeira vez o Dark Side of the Moom, como qualquer um que comprasse o LP e deitasse no seu sofá para escutá-lo. muito antes de ele ter dito isso, eu já tinha refletido um pouco sobre esse imenso prazer de ouvir uma coisa totalmente nova, mas só depois desse comentário é que elevei esse prazer à categoria de privilégio, meu, teu, de qualquer um que queira se experimentar na aventura da audição. digo AVENTURA porque esta é uma das formas que encontro de colocar a minha fantasia pra fora, ou a forma mais eficiente de olhar pra dentro de mim, trazendo algumas das minhas fantasias lá do inconsciente. não sei...
quantas mais pessoas fazem as trilhas sonoras de suas vidas? a trilha da semana, a do findi, a da noite, a do busão. ah, vai dizer que tu nunca pensou na música perfeita pro momento X? e o percurso inverso, será que alguém já imaginou: a partir da trilha, um filme? um momento, um gesto, um sentimento... taí o interessante de ouvir algo novo, pela primeira vez. claro que nem tudo são flores, nessas aí a gente perde tempo baixando coisas ruins, ouvindo coisa ruim por causa de uma falsa propaganda. ou, como se trata de gosto, pode simplesmente não combinar com a gente, ou não ser exatamente aquilo de que se precisa naquela hora. ainda assim, vale a pena.
graças a isso, hoje fiz uma viagem incrível. em pleno D43, com meu mp3 player, fui a Nova York.

eis aqui meu passaporte: The Ditty Bops - Wishful Thinking



Não sei por quê, mas me senti andando pelas ruas de lá, de preferência dentro de um filme de Woody Allen, ou numa das histórias de Paul Auster.

Gostou? Quer baixar os álbuns?

The Ditty Bops
Moom over the Freeway

{sim, preciso confessar que não, nunca pisei em NY. sim, este post é dedicado a um certo alguém que um dia me fez amar NY, mesmo sem nunca ter ido lá.}

segunda-feira, 5 de maio de 2008

le premier

há alguns dias um desejo secreto me assola: quem sabe fazer um novo blog??? é, sim, mais um.
muitas dúvidas, que cor, que layout, blá blá blá. bueno, tudo isso já tá feito, ainda mais com a ajuda da super Nana!!!
outras coisas preocupam... será que vai durar? será que vou ter tempo? será que vou me sentir estimulada a escrever? será que vou ficar contando coisas muito pessoais? aff.
vou tentar.
ah, não escrevo texto literário. não escrevo mais. não esperem grande coisa, logo.

{P.S.: o que fica é sempre a esperança. essa história de novo blog só faz reavivar essa leve impressão que tenho de mim mesma: posso tá na m., mas meu otimismo é algo fodástico!}

por enquanto, deixo aqui a descoberta de hoje:




baixei o álbum The Dresden Dolls, de 2004. gostei do que ouvi. baixe-o agora! {senha para descompactar: roulette}