quarta-feira, 2 de julho de 2008

Da lei seca

Pois bem, diante de tanta polêmica, não poderia ser diferente. Sim, vou dar o meu pitaco.
(Agora que eu quase arrumei uma confusão em família por causa dessas coisas.... aff!)

Concordo que a lei seja radical, mas creio que só dessa forma a sociedade se mobiliza a discutir um problema social sério como é este: bebida + trânsito. Todo mundo se garante, alcoólatra é o “vizinho”, e só se pára pra pensar quando um ente é vitimizado por alguém que bebeu só um copinho... Isso até me faz lembrar da questão das cotas: até a aprovação do projeto, nenhum daqueles candidatos em potencial às vagas na medicina da UFRGS tinha falado em ampliação de vagas ("Até podem implementar o sistema de cotas, mas ampliando as vagas" = "Pode dar mais chances aos desfavorecidos, mas sem mexer no meu!!!"). A falta delas só começou a ser enxergada como um problema, quando atingiu a elite.

Voltando ao que me traz aqui, sim, agora se fala em direito de ir e vir. Acontece que no nosso país só têm esse direito aqueles que têm grana: grana pra ter o seu carrinho, pra abastecê-lo, pra freqüentar baladas, pra comprar as bebidas que ingere. A multa é mais que o dobro do salário mínimo, ok, mas quem tem grana pra ter o carro, abastecê-lo e ainda gastar com álcool, mil perdões, não vive da miséria de um salário mínimo e pode, sim, pagar a multa. Acontece com quem tem carro. O pobre, pobre mesmo, não está sendo afetado com essa lei, porque não teve dinheiro para fazer a CNH, porque nem carro tem. Bebeu, não tem grana pro táxi, não quer pegar um ônibus... azar é o teu. De uma vez por todas, parem de usar o pobre nos argumentos...

Ainda falando naqueles teus direitos de ir e vir, quer dizer que eu tenho que ser vitimizada, porque o teu direito ($) é maior? Porque o teu direito de usufruir dos bens que conquistaste é supremo? O engraçado é que as pessoas querem melhoras, mas só as operadas pelo Estado; ninguém quer abrir mão de nada... Se tu tens o direito, o livre arbítrio de decidir gastar uma parcela do teu salário em bebida de álcool, tembém tens o dever de arcar com os deveres de cidadão. Aquele que bebe e pega no volante, mesmo nunca tendo se envolvido com acidentes, ainda assim é um CRIMINOSO em potencial, pois sabe que está ingerindo uma substância química perigosa. E agora, mais ainda: está infringindo uma lei.

Mais uma ressalva: a lei não está criminalizando a bebida alcoólica, está restringindo o seu uso na posse do automóvel, que pode se tornar uma arma e, aí sim, produzir um crime.

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1 pitacos:

Nana disse...

parabéns pelo texto, Carol.

teus argumentos são muito bons.