depositei qualquer coisa
de meu
na estrada
incalculada,
desejo de marchar
marchar e perder
qualquer discurso
perder de vista,
pôr em desuso
o compromisso
que assumi com
um mundo
de não-eus.
aqui não sou nada
[e quero ser nada]
e o aqui é o quando,
é o onde
onde sempre me quero:
cada brecha é meu lugar
cada espaço um desvio novo
um desvão de mim mesma
entre pés, pernas, panturrilhas
[genitálias]
que se tocam nuas,
amantes dos espaços vazios
efêmeros, belos!
quero asas lisas, axilas
nos meus pés...
aqui no meu aqui
não há correspondência
coerência
família, pátria, amores
problemas e dilemas.
sou o improvável
do agora
diante dos meus olhos.
sou e não sou em cada poro
quando quero
e quero gravitar
nos motores mais
e mais bestiais
do jamais.
o jazz soa
na boate em Curitiba
[parto, não parto?],
balbucio o baixo
grave, leve...
escrevo porque sou o agora,
escrevo e não perco
meus olhos em pontos
distantes, idos
perdidos no passado.
e já não sou mais eu:
comanda a toada sutil
dos meus gestos que
traçam esta escrita imóvel,
meu pulsar insano
vindo do piano
da voz...
prefiro deixar
a emoção do palco
comandar minha pulsação:
ser nada, o som sentido
nu
nas espaldas pautadas,
narinas dilatadas,
sussurros suados
ao ouvido...
escorre comoção
por todo o meu corpo
acre, cru.
slide
Há 6 anos
3 pitacos:
carol, tu arrepia todos os fios dos meus cabelos!
acho que essa é a melhor coisa que já li aqui. dentre muitas, o destaque. que mão, poeta!
Lindo, lindo! Não canso de te ler, sou declaradamente tua fã! Tava com saudades de ler alguma coisa nova aqui.Tens o dom da pena, quero te ver grande!
Sensorial como sempre. Sinto falta.
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