quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Eu faço versos
como quem despetala
uma flor qualquer:
dissipo
perfumes alheios
a quem me der
motivo de arrepio frio.

Faço versos
como quem pede
o consolo da perda
o dízimo, o inconstante
o amor.

Faço versos
aos berros
jorrando entranhas
sonoras a céu aberto.
Finjo, leviana,
um orgasmo de puta
vadia.

Sussurro a beleza fugidia
dos botões das flores
recém-colhidas,
abortando-as
em golfadas
fugazes, vazias.

2 pitacos:

Improviso disse...

Estava mesmo lendo o poema do Bandeira que começa assim ontem.
Bonitas palavras. A sensação que elas tem me causado é de algo que escapa, que se perde, mas que se tenta agarrar. A própria palavra, talvez.

Sucedeu assim disse...

adorei. essa intensidade toda (por vezes vazia, mas intensa), sinto também, gosto do jeito que tu a coloca no texto (: