Na praça
a criança
no balanço
voa.
Voa acima
Voa abaixo
de mim.
O abraço
das pernas
que laçam
a sombra
que sobe
que desce
em mim.
Meu braço
embala
o balanço
o abraço
que enlaça
a criança
que sonha
que ri.
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Conhecendo o céu,
sou incapaz de sentir a terra.
Caí do balanço
E sinto o chão: duro
doendo em minha cabeça.
Mas eu não vejo a terra.
Não.
O balanço caiu de mim
Está no chão impuro,
impróprio pra ele:
desconhece o papel
de levar quem queira
como eu
ao céu.
Balanço não pensa
Por isso passo pela praça
e peço-lhe:
"Leva-me daqui!
Consegue um traumatismo
mas não pra ti".
E dele tombam pessoas
que nele sentam - como eu -
predispostas à queda
sutil? veloz?
quando julgam abraçar
com pernas,
tocar o céu
ou o único que resta:
o ar.
Caio. E preciso de mais e mais
um cleck arrebentando
a corda
um estrondo partindo o assento
no chão da praça.
Mas o céu continua em mim.
slide
Há 6 anos
3 pitacos:
a primeira parte é tão bela e meiga; quando terminei de ler, achei que o texto acabava ali mesmo. mas havia uma segunda parte: tristeza, angústia, frustração.
é um belo texto, mas ando meio triste. ando precisando ler sobre coisas mais alegres. o final, pelo menos, é esperançoso. apesar das quedas, é bom pensar que o céu continua na gente.
beijos mil.
saudades.
Nossa, Carol, que lindo...
Teu poema parece transmitir, em cada "cena-sentimento", o caminho traçado pelo próprio balanço: começa lá em cima, no "céu", ... depois, embalado, se aproxima da terra e se obscurece. Tudo leva a crer que termina por aí... mas a última frase lança uma esperança-embalo:"Mas o céu continua em mim."
É, nada pode tirar o céu de você, Carol, porque você também é feita de nuvens...
Gostei muito do teu poema.
Beijo.
em mim, desabou. nem teve a decência de pedir "posso?"
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