engreno na escrita
de uma coisa oculta...
uma parte qualquer
de mim mesma
deformada
em linha
reta:
nó.
desperto a mesma, dispersa
no vagar dos sonos idos
e sós em leito estreito.
acordo em acorde
pulsante, maior
pálpebras
ardentes
lábios
silencio desejos em versos tortos.
engreno na escrita
de uma coisa oculta...
uma parte qualquer
de mim mesma
deformada
em linha
reta:
nó.
Reivento-me na linguagem
Num poema
Mesmo que
Pra isso
Não saia da escrita
Do que sou
E sinto de mim mesma.
Não sei quem seja
Eu, outrem
A vida que levei
Ou só tracei
Ontem.
A vida...
Esta que ora quero,
Por que me esmero,
Ora jogo fora
Relego ao acaso
Das coisas que não sei,
Não controlo.
Comprometo-me,
Mas logo esqueço, desuso
O discuro que exergo
E produzo.
Se lê o confuso
Do que ouço,
Enxerga em palavras
O que sinto,
O que transbordo...
Não! Não busque compreensão.
Reinvento-me porque nada muda,
Porque sendo não sou.
Troco de olhos,
Pois preciso ser outra...
Vejo as coisas que conheço
E ao vê-las
Sinto-as de outra forma:
Reinvento, pois, a vida!
Enxergue o mundo como queira
novo
de outra maneira.