domingo, 25 de abril de 2010

(tudo o que tenho)


palavras...
sopros suaves,
minhas carícias em ti
perdidas num espaço vago
e lento e branco dos tempos.

palavras...
procuro-as doces, límpidas
mais puras: por elas preciso
sentir-te, nua.

tua boca, teu sorriso
em algum lugar se foi;
já nada sei, não mais vi
aquele brilho nos teus olhos...
o peso das tuas grossas lágrimas,
o último gosto vivo de ti (que ficou)!

vejo agora o buraco de uma folha de papel
(tudo o que tenho)
e logro preenchê-la plena de espaços
pingados de tinta,
densidade medida em pulsações sanguíneas
em que tu, no gozo
d'um fingimento insano, cega e digitalmente
lerás uma imensa
partitura que compus (e envio na carícia dos ventos):

lê, ela é só tua!...

1 pitacos:

Unknown disse...

Carolina., (sempre) romântica e realista.
Inteligente paradoxo.